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Polícia apreende milhares de munições de fuzil de colecionador preso em GO

Polícia Civil apreendeu milhares de munições de fuzil que pertenciam a colecionador preso por traficar armas para o CV - Divulgação/ Polícia Civil
Polícia Civil apreendeu milhares de munições de fuzil que pertenciam a colecionador preso por traficar armas para o CV Imagem: Divulgação/ Polícia Civil

Igor Mello

Do UOL, no Rio

29/01/2022 10h49

A Polícia Civil do Rio apreendeu, na última quinta-feira (27), milhares de munições de fuzil às margens do Arco Metropolitano, via expressa que corta a Região Metropolitana do Rio. Segundo as investigações, o arsenal pertence ao colecionador Vitor Furtado Rebollal Lopes, o Bala 40.

Preso na última segunda-feira (24) em Goiás transportando em seu carro milhares de munições, Vitor se aproveitava de uma licença de CAC (Caçador, Atirador e Colecionador) expedida pelo Exército para comprar legalmente armas e munições, que posteriormente vendia para o Comando Vermelho, maior facção de tráfico de drogas do Rio.

Além das munições, as equipes da Desarme encontraram estojos, insumos e equipamentos para recarga de munições de uso restrito no local.

Apreensão de 55 armas

Na terça-feira (25), uma operação conjunta do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Civil apreendeu um arsenal com 55 armas na casa de Vitor, no Grajaú. No local foram encontrados 26 fuzis, 21 pistolas, três carabinas, dois revólveres, uma espingarda calibre 12, um rifle e um mosquetão.

Fuzis apreendidos vieram de colecionador de armas para o tráfico - Divulgação/ MP-RJ - Divulgação/ MP-RJ
Fuzis apreendidos vieram de colecionador de armas para o tráfico
Imagem: Divulgação/ MP-RJ

De acordo com as investigações, Vitor comprava as armas legalmente e as revendia para traficantes de várias das principais favelas do Rio de Janeiro, como o Jacarezinho, os complexos do Lins e de Manguinhos e o Parque União, no Complexo da Maré. O armamento também era usado no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, e no Morro do Preventório, em Niterói.

As investigações foram iniciadas em 2018. Após a prisão de Vitor, o Comando Militar do Leste afirmou, em nota, que "o Exército Brasileiro está apoiando as autoridades competentes na apuração dos fatos". Disse ainda que a instituição "não compactua com qualquer tipo de ilegalidade, repudiando veementemente atitudes e comportamentos em conflito com a lei".

Mudanças do governo Bolsonaro ampliaram brecha

Desde o início de seu governo, em 2019, o presidente Jair Bolsonaro (PL) vem sistematicamente reduzindo os controles sobre a venda e o rastreamento de armas e munições no Brasil.

Ele também facilitou a posse de armas e a obtenção de licenças de CAC, medidas criticadas por especialistas em segurança pública. Hoje, um CAC pode comprar até 60 armas durante a vida, 30 delas de uso restrito. Outro decreto do presidente ampliou a quantidade munição que eles podem adquirir: o limite subiu para mil munições de uso restrito e cinco mil de uso permitido a cada ano, além de material para fazer a recarga de outros 7 mil cartuchos.

O promotor de Justiça Romulo Santos, integrante do Gaeco (Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado), confirmou que Vitor comprava as armas legalmente e depois as repassava para traficantes do Comando Vermelho.

"Essa é uma investigação que foi iniciada em 2018 e nos chamou a atenção o fato de que o Vitor se utiliza da possibilidade que a legislação faculta, de que colecionadores de armas possam comprar uma quantidade muito grande de armamentos, para, com o auxílio da sua companheira e de outros elementos, traficar armas para o tráfico de drogas em comunidades do Estado. Com a prisão do denunciado em Goiás, requisitamos ao juízo a expedição dos mandados de busca e apreensão e conseguimos realizar essa apreensão de um grande número de armas na residência do denunciado", explicou.