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Embaixador diz que Estado brasileiro era responsável por proteger Moïse

MoÏse Kabamgabe, congolês assassinado no Rio - Reprodução
MoÏse Kabamgabe, congolês assassinado no Rio Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

03/02/2022 10h54

O embaixador da República Democrática do Congo no Brasil, Mutombo Bakafwa Nsenda, disse, em entrevista ao jornal O Globo, que a proteção de Moïse Mugenyi Kabagambe, 24, espancado até a morte no Rio de Janeiro na semana passada, era de responsabilidade do estado brasileiro e pediu que a justiça seja feita no caso.

Três homens estão presos por suspeita de homicídio duplamente qualificado (impossibilidade de defesa e meio cruel).

O embaixador disse que a notícia foi recebida como "uma bomba", pela maneira como a morte ocorreu. Moïse veio para o Brasil em 2011, fugindo dos conflitos armados em seu país natal.

Em seis anos como embaixador no país, Nsenda disse ter tomado conhecimento da "morte de cinco compatriotas". Todos os casos, segundo ele, continuam sem solução.

O governo deve dar sua posição sobre esse caso porque Moïse chegou ao Brasil e pediu o refúgio, e quando somos refugiados num país estamos sob a proteção desse país. Ou seja, o estado brasileiro era responsável pela proteção de Moïse, como é responsável pela proteção de todo cidadão. Dele não podemos esquecer porque há vídeos circulando por todos os lugares e podemos ver os rostos de quem o matou. São imagens difíceis de ver Mutombo Bakafwa Nsenda, embaixador da República Democrática do Congo no Brasil, ao jornal O Globo

'Corretivo por roubar', relataram testemunhas

Um casal de namorados relatou à Polícia Civil do Rio de Janeiro ter testemunhado parte da sessão de espancamento que terminou com a morte do congolês. Eles contaram que, ao tentar intervir, ouviram de um dos envolvidos no crime: "Nem olha, ele estava roubando aqui, a gente quer dar um corretivo".

A mulher relatou ter pedido ajuda a dois guardas municipais —que não foram checar as agressões. As testemunhas foram ouvidas na última terça-feira (1).

Não há qualquer registro de que o congolês estivesse praticando roubos na região. A família de Moïse diz que ele foi ao quiosque Tropicália para cobrar R$ 200 em diárias de trabalho devidas.

Os agressores trabalhavam de forma informal em quiosques e barracas localizados na altura do posto 8 na orla da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Foram desferidas 11 pauladas enquanto Moïse estava em luta corporal com os agressores e outras 15 quando ele já estava imóvel no chão. Os suspeitos informaram à polícia que um taco de beisebol foi usado para bater na vítima, que morreu em decorrência de traumatismos no tórax, com contusão pulmonar causada por ação contundente.

* Com informações da reportagem de Lola Ferreira, do UOL, no Rio