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Mulher é atingida por tiro de chumbinho em praça próxima à Lapa no Rio

19.mar.2022 - Integrante de bloco de carnaval é atingida por tiro de chumbinho na Praça Paris, no Rio - Arquivo Pessoal
19.mar.2022 - Integrante de bloco de carnaval é atingida por tiro de chumbinho na Praça Paris, no Rio Imagem: Arquivo Pessoal

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

21/03/2022 15h20

Uma integrante de um bloco de Carnaval foi ferida por um tiro de chumbinho pouco antes de um ensaio na tarde de sábado (19), na Praça Paris, no bairro da Glória, zona sul do Rio de Janeiro.

Rafaela Ribeiro, 25, profissional de Recursos Humanos, contou ao UOL que foi atingida, na altura do ombro, por volta de 17h de sábado, quando o grupo se preparava para começar o ensaio. A suspeita é de que algum morador da região —ainda não identificado— tenha realizado o disparo.

"A gente acredita que seja algum morador de um prédio da frente, pois tem gente que reclama do [som do] ensaio, apesar de que a gente nem tinha começado a tocar. Quando senti a pancada forte no peito, alguém do bloco disse que isso já tinha acontecido e que era tiro de chumbinho", relatou ela.

Rafaela foi para um hospital, e exames constataram que um pedaço do projétil permanece sob sua pele. "Vou precisar de cirurgia, não consegui trabalhar hoje", disse.

O laudo médico enviado por ela à reportagem relata que a paciente "deu entrada na emergência devido a ferimento causado por tiro de chumbinho" e que "radiografia e tomografia computadorizada de tórax evidenciaram projétil localizado em subcutâneo em parede torácica anterior esquerda".

Praça Paris, na Glória, zona sul do Rio - Divulgação/Prefeitura do Rio de Janeiro - Divulgação/Prefeitura do Rio de Janeiro
Praça Paris, na Glória, zona sul do Rio
Imagem: Divulgação/Prefeitura do Rio de Janeiro

A unidade de saúde orientou Rafaela a marcar mais uma consulta antes do procedimento para a retirada do projétil. Uma vacina antitetânica também foi recomendada.

Rafaela, que toca saxofone no bloco Me Enterra na Quarta, diz que, após sentir a pressão no peito e notar o sangramento, recebeu os primeiros socorros no local por um médico, também integrante do coletivo —o ferimento foi lavado e um curativo e gelo para compressa foram providenciados.

À noite, ela precisou contudo buscar atendimento no hospital, pois o ferimento não parava de sangrar. Nesta segunda-feira (21), dois dias após o episódio, Rafaela ainda sente dores.

"Eu não estou conseguindo levantar o braço, tá bem dolorido em volta, não vou conseguir ensaiar nas próximas semanas", disse ela.

Na manhã de hoje, ela registrou um boletim de ocorrência na delegacia do Catete, bairro vizinho à Glória. "Primeiro me orientaram a fazer um boletim online e não consegui. Não funcionava. Agora tô aqui na delegacia registrando o caso. Vou fazer exame de corpo de delito", informou à reportagem.

A Praça Paris é um endereço tradicional no Rio de Janeiro. O espaço é gradeado e inspirado nos jardins clássicos franceses. Construída em 1926, a praça faz parte dos resquícios do plano urbanístico de Alfred Agache e recebe com frequência ensaios de blocos de Carnaval.

Rafaela contou que toca na praça há muitos anos, assim como outros grupos. O local também é frequentado por famílias com crianças.

Procurada, a PM informou que não houve registro de acionamento para a situação relatada.

A Polícia Civil ainda não se posicionou sobre o caso.

Outros casos na Praça Paris

O produtor cultural Juba Pires, que também é fundador de vários blocos de Carnaval no Rio, como o Bloco das Tubas, contou ao UOL que ele e uma amiga também foram atingidos por tiros de chumbinho na Praça Paris, em julho do ano passado.

Apesar de a bala não ter ficado alojada, o músico, que foi atingido nas costas, disse que passou vários dias com a região roxa, inchada e dolorida. "Eu fui atingido nas costas e minha amiga na costela. Estava frio, estávamos de casaco e, mesmo assim, feriu bastante."

Juba, que toca na Praça Paris há 15 anos, também diz acreditar que os disparos sejam efetuados por algum morador de prédios próximos. Ele enfatiza a importância de a polícia investigar o caso.

"Está acontecendo no mesmo lugar e isso não pode ficar impune. Não podemos entrar na cultura do medo. A gente faz música e ocupa o espaço público com arte e damos segurança ao local. É uma das coisas que a gente trabalha: uma função social e política que vai além da música."