Trote na UFPR deixa 19 calouros com queimaduras pelo corpo: 'Eu gritava'
Pelo menos 19 calouros sofreram queimaduras pelo corpo após participarem de um trote do curso de medicina veterinária da UFPR (Universidade Federal do Paraná), em Palotina, a 597,2 km de distância de Curitiba.
O trote foi organizado por alguns veteranos ontem à noite, em um terreno baldio, que fica em frente à universidade. Os novos estudantes foram recebidos por alguns alunos antigos em uma comemoração que seria feita apenas com brincadeiras leves.
"Era para ser só uma brincadeira, algo bem lúdico. Um trote clássico, com leite azedo, lama e cebola. Foi quando vi que eles estavam com uma garrafa com um produto dentro e falaram que seria desinfetante. Fui a primeira pessoa que jogaram isso e tive queimaduras de 1º e 2º grau pelo corpo. Enquanto eu gritava, eles continuavam passando o produto em outras pessoas", conta uma caloura que prefere não ter o nome identificado.
Após o início do trote, ela relata que a cena foi assustadora.
"Tinha gente chorando, desesperado e tremendo de dor. Uma colega chegou a desmaiar com tanta dor. Foi uma cena caótica e bem traumatizante".
Ao todo, 19 estudantes procuraram a polícia e registraram boletim de ocorrência. Segundo o delegado Pedro Lucena, quatro pessoas foram identificadas como autores do trote e foram presas.
"São alunos do segundo, terceiro e quarto anos de medicina veterinária. O trote foi organizado na frente da universidade, em um terreno baldio. A princípio, apreendemos garrafas de creolina, produto que pode provocar queimaduras. Há informações de que 25 pessoas ficaram feridas, mas apenas 19 quiseram fazer boletim de ocorrência", disse o delegado ao UOL.
O material será encaminhado para perícia e exames devem apontar se outras substâncias foram usadas. As vítimas e as testemunhas já foram ouvidas. Todas as vítimas foram encaminhadas ao hospital e liberadas em seguida.
UFPR avalia como 'injustificável' a atitude dos veteranos
O reitor da UFPR, Ricardo Marcelo da Fonseca, divulgou um vídeo em que comenta o caso. Para ele, o episódio gerou grande indignação.
"A insatisfação da universidade é imensa porque temos trabalhado continuamente nos últimos anos para que haja tolerância zero com relação a esse tipo de atitude na recepção dos nossos estudantes. Quero assegurar aos alunos e estudantes, como a toda comunidade, que nós faremos uma apuração imediata e rigorosa das responsabilidades para que isso não possa se repetir".
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