'Era muito peso na cabeça dele', diz mãe de Hipster da Federal sobre surtos
Em depoimento à Polícia Civil de Goiás, a mãe do policial federal Lucas Valença, conhecido como "Hipster da Federal", morto no início de março, relatou surtos psicóticos enfrentados pelo filho e concordou que quem atirou contra ele agiu em legítima defesa - como concluiu inquérito das autoridades locais.
De acordo com trechos do depoimento publicados pelo site Metrópoles, a pastora Maurícia Valença, mãe do "Hipster da Federal", disse à Polícia Civil que Lucas carregava "muito peso na cabeça".
O policial foi morto na noite de 2 de março, após tentar invadir uma casa na região rural de Buritinópolis (GO), no que foi descrito por amigos e parentes como uma manifestação de um surto psicótico que Lucas estava enfrentando.
Nesta semana, a Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte de Lucas, afirmando que o "Hipster" foi morto em legítima defesa por um homem que, em casa com a mulher e a filha de 3 anos, atirou contra o policial após ele desligar o quadro de energia da residência e tentar invadi-la.
Lucas se tornou conhecido ao escoltar o ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB) quando ele foi preso, em outubro de 2016. Na ocasião, ele também ganhou o apelido de "Lenhador da Federal".
O policial vinha tendo um "turbilhão de emoções na cabeça" desde que ficou conhecido pela prisão de Eduardo Cunha, o que o fez desenvolver um quadro depressivo, segundo a mãe. Na época, as constantes entrevistas do "Hipster" a veículos de imprensa desagradaram a PF.
De acordo com a pastora Maurícia, Lucas estava consumindo mais bebida alcoólica do que o normal antes do surto que lhe causou a morte. "Ele começou a beber o tempo todo, [era] cerveja que ele bebia, e aquilo foi potencializando", afirmou ela.
Dias antes da tentativa de invasão à casa em Buritinópolis, o policial esteve com a família em uma chácara, onde acabou tendo uma reação avaliada como desproporcional pelos parentes e que, posteriormente, lhe causou uma série de surtos.
Segundo a mãe, ele levou para a chácara um cachorro que havia adotado em Brasília — porém, quando chegou no local, o cão foi atacado por um outro, chamado Sansão, também da família e de maior porte.
Buscando defender o próprio animal de estimação, Lucas chegou a chutar Sansão, que o mordeu, obrigando-o a tomar vacina antirrábica. O episódio, afirmou a mãe no depoimento acessado pelo Metrópoles, acabou deixando o policial emotivo e engatilhado.
"Ele começou a desabafar todas as dores de alma que ele tinha, mas daquela forma surtado", relatou a mãe, dizendo que o filho ficou mais ríspido na maneira de falar e chegou a quebrar o interior da chácara.
Posteriormente, Maurícia, que tinha feito uma cirurgia cardíaca recentemente, foi levada para longe do filho, deixando o irmão e o padrasto do policial cuidando dele na chácara, enquanto tentavam achar uma clínica para interná-lo.
Os familiares acharam uma vaga em uma clínica em Brasília e, para conseguirem levá-lo até o local, chegaram a dar remédios para ele dormir — "dei a minha autorização para que eles fizessem qualquer tipo de contenção", disse a mãe —, mas ele acabou acordando e tendo um novo surto.
"Para a p**** desse carro, senão vai morrer todo mundo!", teria gritado o "Hipster da Federal", segundo a mãe, que afirmou que o filho desceu do veículo e começou a correr pela rodovia, só aceitando voltar para o automóvel se garantissem que ele voltaria para a chácara.
O policial, porém, acabou fugindo da chácara, tentando invadir a casa do auxiliar de almoxarifado que prestava serviços de limpeza para a família dele, que posteriormente o matou com um tiro no peito.
Segundo a pastora Maurícia, a mulher do homem que atirou em Lucas chegou a ligar para ela, preocupada, dizendo que Lucas estava "falando um monte de besteira" enquanto circulava ao redor da casa de modo ameaçador.
"Nós somos servos de Deus. Lucas era apaixonado pelo Deus que ele serviu. Sei que isso foi loucura, uma doença, um surto psicótico extremo", disse ainda a mãe no depoimento acessado pelo Metrópoles.
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