Delegado sobre morte de menina que caiu de 4º andar: 'Houve negligência'
O delegado responsável pelo caso da menina Luna, que morreu na última sexta-feira (8) ao cair do quarto andar de prédio em Chapecó (SC), ainda não tipificou por qual(is) crime(s) os responsáveis — mãe e padrasto — irão responder, mas alegou, de antemão, que houve negligência do casal.
"O que eu posso afirmar nesse momento é que houve negligência, com certeza. Tendo em vista que o apartamento era no quarto andar. Não havia tela de proteção. E ela (Luna) ficou alguns minutos sozinha", comentou o delegado Éder Matte em coletiva de imprensa na tarde de hoje.
O casal confessou, ainda de acordo com a autoridade policial, que costumava deixar, em alguns dias, a menina sozinha em casa, o que já havia sido dito pelos vizinhos. "A mãe afirmou que sim, a criança ficava sozinha em casa em alguns momentos. Períodos curtos. Principalmente em alguns momentos que o padrasto ia levar a esposa até o trabalho. [Em torno de] 15 a 20 minutos", disse
Já na noite do acidente o casal foi comprar além do jantar, produtos para confeitaria — a mãe de Luna estava produzindo doces para serem vendidos na Páscoa. Perguntado do porquê a menina não poderia ir junto, o delegado cita que o casal tinha uma moto, impossibilitando irem os três ao mesmo tempo, e a pressa para fazer as compras. Também pesou o fato do marido não saber identificar alguns produtos específicos para a produção dos doces.
Em relação à tela de proteção, que não havia em nenhum cômodo na casa, o casal afirmou que não tinha condições financeiras de comprar o equipamento de proteção.
O que poderia ter acontecido?
O fato do sofá da sala estar próximo à janela pode ter contribuído para que Luna sofresse a queda. Uma moradora do andar inferior, que testemunhou a ação, viu a silhueta da criança projetada na parede vizinha ao condomínio. Inicialmente Luna estava pulando no móvel. Um pouco depois, a menina já estava de pé na janela. "A vizinha pensou em gritar, mas não fez isso por medo da menina se assustar", afirmou Matte. Na sequência, a menina cai e a vizinha teria ficado sem reação.
O casal e outras testemunhas foram ouvidos na segunda e terça-feira, totalizando mais de 10 pessoas, mas a Polícia Civil não descarta realizar novas oitivas. Ninguém citou algum tipo de violência contra a garota. O pai de Luna, que mora na Irlanda desde o fim do ano passado e não conseguiu vir ao enterro, pode ser ouvido.
Imagens do mercado e também da vizinhança foram analisadas nesta quarta-feira (13). A investigação quer saber ainda o tempo exato que Luna ficou sozinha no apartamento. A Polícia Civil aguarda também o laudo da Polícia Científica para concluir o inquérito.
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