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MP do Rio denuncia dois policiais por homicídios cometidos no Jacarezinho

06.05.2021 - Pessoa aparentemente em situação de rua tenta se proteger durante a operação da Polícia Civil no Jacarezinho - REGINALDO PIMENTA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
06.05.2021 - Pessoa aparentemente em situação de rua tenta se proteger durante a operação da Polícia Civil no Jacarezinho Imagem: REGINALDO PIMENTA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Igor Mello

Do UOL, no Rio

05/05/2022 19h11

O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) denunciou mais dois policiais civis por homicídios cometidos durante a Operação Exceptis, realizada na favela do Jacarezinho, zona norte do Rio. Amanhã, a ação policial mais letal da história do estado completa um ano.

Amaury Godoy Mafra e Alexandre Moura de Souza foram denunciados pelos homicídios de Richard Gabriel da Silva Ferreira e Isaac Pinheiro de Oliveira. Os policiais também responderão por fraude processual.

Os dois estavam escondidos quando foram baleados pelos dois agentes. Segundo os laudos de necropsia obtidos pelo UOL, ambos foram alvejados múltiplas vezes, com ferimentos que colocavam em xeque a versão de que houve um confronto no interior da casa.

Isaac foi atingido por quatro disparos de pistola —dois nas costas e dois no braço direito. Já Richard Gabriel foi baleado cinco vezes — duas delas nas costas. Ele ainda foi atingido em ambos os braços e na lateral esquerda do corpo, próximo ao quadril.

Em julho, o UOL revelou que, apesar de os policiais afirmarem que socorreram Richard e Isaac com vida, uma moradora afirmou em depoimento que viu eles já mortos no local antes de serem levados. O laudo de perícia de local feito na cena do crime ainda constatou não ser possível afirmar que houve confronto dentro do imóvel.

"Apesar de serem alertados de que não existiam reféns, tanto que não houve oposição à entrada e nem rota de fuga dos traficantes, Amaury e Alexandre encurralaram as vítimas em um cômodo vazio e efetuaram diversos disparos. O laudo pericial feito no local atestou ausência de vestígios de conflito. Ainda de acordo com os fatos narrados, no mesmo dia do ocorrido, os denunciados registraram na Delegacia duas pistolas, dois carregadores e uma granada, alegando falsamente que foram recolhidos com Isaac e Richard, numa tentativa de se eximirem da responsabilidade pelos assassinatos", afirmou o MP em um comunicado à imprensa.

Essa é a segunda denúncia feita pelo MP contra policiais civis envolvidos na operação. Um agente é réu pelo homicídio de Omar Pereira da Silva, assassinado em outra casa na favela. Um segundo agente responde por fraude processual, por ter alterado a cena do crime para simular um confronto. O MP-RJ também denunciou dois homens apontados como líderes do tráfico de drogas no Jacarezinho pela morte de um policial durante a operação. Dez investigações —que versavam sobre 23 mortes— foram arquivadas pelo MP-RJ.