PMs invadem, ocupam e roubam casa de moradores do Rio

A moradora de uma casa no bairro do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, acionou a Defensoria Pública para denunciar que policiais militares que fazem parte do programa Cidade Integrada invadiram e depredaram a casa dela ao longo de três meses, fazendo até mesmo furtos no local.

"A gente tem indícios fortes de que esse imóvel era usado como base deles, para descanso e para alimentação", afirmou em conversa com o Fantástico a defensora pública Maria Julia Miranda.

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Em depoimento ao Ministério Público, a moradora informou que decidiu não voltar para casa porque tinha medo de invasões e porque os policiais começaram a mandar recados para ela afirmando que ela não deveria voltar porque eles "precisavam de um lugar para ficar durante o serviço".

Ela aproveitava os períodos nos quais os policiais saíam da residência para entrar no local e fazer registro do estado da casa em vídeos, assim como instalar uma câmera escondida.

Os policiais teriam causado danos estruturais à casa, usando até mesmo uma piscina de plástico no local. Além de objetos menores, como perfumes, os policiais teriam furtado lâmpadas, um chuveiro, portas de armários, o quadro de energia e até mesmo uma televisão.

Os dados foram apresentados ao Ministério Público, que conversou com o comando da Polícia Militar pedindo que nenhuma retaliação fosse feita contra a família. Além do caso registrado em vídeo pela moradora, outras denúncias foram feitas contra os policiais.

"Eu tive a minha casa invadida pelos policiais dessa reocupação. Encontrei minha casa toda revirada, roupa, geladeira, cozinha, portas abertas. Qualquer casa bonita, qualquer casa que as pessoas trabalhadoras tentam colocar, é casa de traficante ou de bandido. Para eles, os trabalhadores não podem ter uma casal legal, uma casa com piso, com janela", afirmou outra vítima em conversa com o Fantástico.

Coordenador do observatório da Cidade Integrada, que recebe as denúncias dos moradores, o advogado Joel Luiz Costa explicou ao Fantástico que uma pesquisa preliminar ouviu 134 pessoas sobre os abusos cometidos por policiais no local. Dessas, 61 afirmaram que já tiveram a própria casa ou a casa de parentes violada. Outros 29 afirmam que sabem de vizinhos que tiveram casas violadas. Segundo ele, não há no Jacarezinho qualquer espaço para que os policiais possam descansar ou passar seus intervalos.

Em resposta ao Fantástico, a Polícia Militar informou que o comando da corporação determinou procedimento apuratório e que todos os policiais envolvidos no caso foram identificados e ouvidos. A polícia também disse que instalou um posto da Corregedoria Geral da PM na região e, até agora, recebeu mais de 30 denúncias de moradores.