Delegada presa disse em vídeo que queria 'acabar com roubalheira'; assista
A delegada licenciada da Polícia Civil Adriana Belém, presa ontem após ação do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), declarou em um vídeo que queria "acabar com a roubalheira". A filmagem foi publicada na página do Facebook dela, em 2020, quando a delegada se candidatou ao cargo de vereadora no Rio de Janeiro pelo PSC (Partido Social Cristão).
Adriana é acusada de corrupção passiva por receber propina para liberar máquinas caça-níquel apreendidas na 16ª DP em 2018. A delegada licenciada foi presa com cerca de R$ 1,8 milhão em espécie em sua casa, em um condomínio na Barra da Tijuca, zona oeste da capital fluminense. O dinheiro estava dentro de sacolas de lojas de roupas de grife e em uma mala.
"E hoje eu estou aqui disposta a meter o pé na porta, sim. Vamos acabar com essa sacanagem e essa roubalheira. Basta, basta! Eu tenho um filho, eu não quero que meu filho seja criado no' meio dessa bandalheira. Assim como eu não quero que os filhos de vocês sejam criados nessa bandalheira que aí está", começou. Vamos acabar com essa roubalheira. Chega, gente! Estou aqui disposta a mete o pé na porta", declarou no vídeo. Um dia antes de ser um dos alvos de megaoperação, Adriana presenteou o filho com um carro blindado.
No início da filmagem, que tem 56 segundos ao todo, Adriana falou rapidamente da sua origem como mulher preta, pobre e moradora de uma comunidade.
"Em 1990, sai Adriana Belém. Uma mulher preta, pobre, oriunda de uma comunidade. E dali eu ganhei o mundo metendo o pé na porta porque essa era a minha única alternativa."
No fim da gravação, a mulher ainda pediu os votos do eleitorado e voltou a dizer o seu bordão de colocar o "pé na porta". Também apareceu o número de votação e "#elaresolve".
Delegada é exonerada da prefeitura após ação
Ontem estava previsto para a delegada de polícia licenciada Adriana Belém ser exonerada da Prefeitura do Rio de Janeiro, segundo informou a administração municipal.
Com salário de R$ 10 mil brutos, ela ocupava um cargo de assessora na Secretaria Municipal de Esportes do Rio. Apesar de licenciada da Polícia Civil, ela também recebe salário de R$ 27 mil líquidos da corporação.
"A Corregedoria-Geral da instituição solicitará acesso às investigações para dar andamento aos processos administrativos necessários", informou a Polícia Civil, em nota. Atualmente, Adriana Belém não possui cargo na polícia.
Adriana deixou a chefia da delegacia de polícia da Barra da Tijuca em 2020 após o chefe do Setor de Investigação da unidade, seu braço direito, Jorge Camilo Alves, ser preso na Operação Intocáveis 2.
Na ocasião, ele foi um dos 33 detidos na operação contra a milícia de Rio das Pedras, na zona oeste do Rio. Alves foi flagrado em conversas telefônicas com Ronnie Lessa, ex-policial militar acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em março de 2018.
Após a prisão, Adriana entregou o cargo de delegada a fim de preservar as investigações conduzidas na delegacia da Barra da Tijuca.
*Com Marcela Lemos e Ruben Berta, em colaboração para o UOL e do UOL, no Rio
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