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RJ: Operação contra o jogo do bicho apreende R$ 1,8 milhão com delegada

R$ 1,2 milhão em espécie foi encontrado em sacolas de grife na casa da ex-delegada Adriana Belém - Divulgação/MP-RJ
R$ 1,2 milhão em espécie foi encontrado em sacolas de grife na casa da ex-delegada Adriana Belém Imagem: Divulgação/MP-RJ

Igor Mello e Caíque Alencar

Do UOL, no Rio e em São Paulo

10/05/2022 09h17Atualizada em 10/05/2022 15h34

Agentes do MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) apreenderam na manhã de hoje cerca de R$ 1,8 milhão na casa da delegada licenciada da Polícia Civil Adriana Belém. Ela é um dos alvos de uma megaoperação contra o jogo do bicho no estado.

De acordo com o MP, o dinheiro foi encontrado na casa de Adriana, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. O dinheiro estava dentro de sacolas de lojas de roupas de grife e em uma mala.

Segundo o MP, a Operação Calígula mira uma rede de jogos de azar liderada pelo contraventor Rogério de Andrade, sobrinho do bicheiro Castor de Andrade, e que tem como um dos integrantes o ex-PM Ronnie Lessa, réu pela morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018.

O UOL procurou a delegada sobre a apreensão, mas Adriana não respondeu. Assim que houver um posicionamento, ele será incluído nesta reportagem. A delegada licenciada —que foi alvo somente do mandado de apreensão— deve ser ouvida hoje pela Polícia Civil.

Já a Polícia Civil disse que Adriana e o delegado Marcos Cipriano, um dos presos na operação de hoje, não possuem atualmente cargos na corporação. "Eles estão afastados e lotados em outros órgãos", diz a polícia, em nota.

A operação cumpre 29 mandados de prisão e 119 de busca e apreensão, mirando um total de 30 pessoas pelos supostos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Foram confirmadas 11 prisões, além da apreensão de oito aparelhos de celular, um notebook, um HD e um pen drive.

Segundo o MP, a organização estabeleceu acertos de corrupção estáveis com agentes públicos ligados à segurança pública, como integrantes da Polícia Civil e da PM do RJ.

MP: Delegada se encontrou com Ronnie Lessa

Em um destes episódios, o MP afirma que o delegado Marcos Cipriano intermediou encontro entre Ronnie Lessa, Adriana Belém, então delegada de Polícia titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), e o inspetor de Polícia Jorge Luiz Camillo Alves, braço direito de Adriana.

Segundo o MP, o encontro culminou em acordo que viabilizou a retirada em caminhões de quase 80 máquinas caça-níquel apreendidas em uma casa de apostas da organização criminosa, tendo o pagamento da propina providenciado por Rogério de Andrade. A promotoria não relatou quando o suposto acerto aconteceu.

Segundo comunicado enviado à reportagem, a Polícia Civil também afirmou que a Corregedoria-Geral "solicitará acesso às investigações para dar andamento aos processos administrativos necessários".

Amiga de Adriano Imperador

Adriana Belém já publicou foto nas redes sociais com o ex-jogador Adriano Imperador - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Adriana Belém já publicou foto nas redes sociais com o ex-jogador Adriano Imperador
Imagem: Reprodução/Instagram

Adriana Belém é uma figura conhecida no Rio de Janeiro por sua presença nas redes sociais, o gosto por roupas de grife e a amizade com o ex-jogador Adriano Imperador, que a considera uma segunda mãe.

No Instagram, ela acumula 156 mil seguidores e exibe uma rotina de festas, eventos sociais e viagens. Sobram fotos com roupas de grife e joias, assim como registros ao lado do ex-jogador. "Domingo feliz!!!!! Fechamento puroooooo!!! Te amo", escreveu ela em uma das fotos com Adriano.

A delegada comandou a 16ª DP (Barra da Tijuca) por vários anos e foi responsável por iniciar as investigações sobre o desabamento de dois prédios construídos pela milícia na comunidade da Muzema, no Itanhangá, também na zona oeste da capital.

Ela entregou o cargo em janeiro de 2020, em meio ao caso, depois de seu chefe de investigação — o inspetor Luiz Camillo Alves — se tornar um dos alvos da Operação Intocáveis II, que prendeu diversos integrantes da milícia que comanda as favelas do Rio das Pedras e da Muzema.

No mesmo ano, Adriana se licenciou do cargo de delegada para concorrer a uma vaga de vereadora no Rio pelo PSC, com o apoio de Adriano, mas não foi eleita. Na ocasião, ela declarou um patrimônio de R$ 1,8 milhão à Justiça Eleitoral, incluindo R$ 180 mil em espécie.

A operação de hoje foi deflagrada pela Força Tarefa do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) para o caso Marielle e Anderson (Gaeco/FTMA), com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ).