Defesa de delegada presa com R$ 1,8 mi alega publicidade no Instagram
A defesa da delegada licenciada Adriana Belém, presa na terça-feira (10) em operação do MP-RJ (Ministério Público do Rio) que investiga uma rede de apoio a jogos de azar, mencionou a publicidade no Instagram como uma das justificativas para o R$ 1,8 milhão em espécie encontrado em sua casa na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
No pedido de revogação da prisão preventiva, que ainda não foi analisado pela Justiça, os advogados de Adriana citam como "exemplo da demonstração de licitude do valor apreendido" "uma simples e rápida análise das redes sociais da delegada, atualmente com mais de 160 mil seguidores, também monetizada".
Outra justificativa usada pela defesa de Belém para o dinheiro foram R$ 350 mil recebidos do distrato da venda de um imóvel.
Os advogados —entre eles Luciana Pires, que também representa o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso da rachadinha em seu antigo gabinete como deputado estadual— pedem que a Justiça dê mais tempo para que a delegada possa explicar a origem do montante.
Adriana também citou "parcerias no Instagram" quando o dinheiro foi descoberto em seu apartamento.
"Ela estava entristecida e foi uma surpresa que o dinheiro tenha sido encontrado. A delegada disse que era um dinheiro que ela economizava a vida inteira, que fazia parcerias no Instagram e que ia comprar um apartamento, por isso juntava daquela forma", relatou a promotora Roberta Laplace, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado),
A delegada tem o hábito de dividir a vida agitada com seus seguidores no Instagram. Em fotos e vídeos, ela ostenta uma vida de luxo e diversão em festas e pagodes. Em 2017, um vídeo dela sentada no colo do ex-jogador Adriano Imperador, em uma festa, viralizou nas redes sociais. Os dois são amigos de longa data.
O último evento postado em seu perfil do Instagram foi o Carnaval. Ela aparece na Marquês de Sapucaí com credenciais da Liesa ao lado do filho e de pessoas famosas, como o surfista e ex-BBB Pedro Scooby. Há fotos também em camarote no Sambódromo.
Delegada tentou ocultar dinheiro durante operação
Segundo o MP-RJ, Adriana e seu filho Gabriel tentaram ocultar as malas que escondiam o dinheiro durante as buscas no apartamento. Os promotores passaram a suspeitar de Adriana quando encontraram mais de R$ 50 mil em espécie dentro de um cofre em seu quarto.
De acordo com Roberta Laplace, a delegada afirmou que aquele era o único dinheiro que guardava em casa e tentou demover a equipe do MP-RJ de apreendê-lo, sob o argumento de que os valores eram usados para pagar as contas da casa.
A equipe do MP então seguiu para o quarto de Gabriel, onde encontrou uma mala grande e pesada dentro de um armário. Adriana e o filho disseram que dentro dela havia outra mala e que não tinham a senha do cadeado para abri-la. Ao conseguir romper o lacre, os promotores encontraram cerca de R$ 1,2 milhão em dinheiro vivo.
Uma segunda mala menor também foi encontrada no quarto de Gabriel, dessa vez contendo R$ 500 mil.
Defesa compara presídio a 'cemitério de mulheres vivas'
Outro motivo citado pela defesa de Belém para que ela responda ao processo em liberdade foi a pandemia de coronavírus.
"A doença possui alta taxa de letalidade em grupos de pacientes vulneráveis, dentre eles idosos, hipertensos, diabéticos, portadores de insuficiência renal e de doenças respiratórias ou doenças que maculam a imunidade, além da população carcerária."
Os advogados também mencionam o sistema prisional do Rio como "um verdadeiro cemitério de mulheres vivas" e afirmam que "lançar uma delegada neste sistema superlotado é lançar sua integridade física ao bel-prazer da sorte, seja pela insalubridade em si, seja pelo perigo advindo da profissão exercida por anos pela ora requerente, lançando-a ao encontro daquelas que em algum momento da sua ilibada carreira prendeu".
Adriana foi transferida ontem para o Instituto Penal Oscar Stevenson, em Benfica, zona norte do Rio, após passar por exames no IML (Instituto Médico Legal).
Delegada acumulava salários na prefeitura e polícia
A delegada está licenciada da Polícia Civil desde abril do ano passado, quando foi nomeada como assessora na Prefeitura do Rio. Inicialmente, ela teve cargo na Secretaria Especial de Ação Comunitária, mas foi transferida para a Secretaria de Esportes, de onde foi exonerada após a operação do MP-RJ. Seu último salário, em abril, foi de R$ 8.345 líquidos.
Apesar de licenciada da Polícia Civil, ela também recebe salário de R$ 27 mil líquidos da corporação.
Em 2020, Belém chegou a disputar uma vaga na Câmara Municipal do Rio de Janeiro pelo PSC, mas não conseguiu ser eleita. Ela obteve 3.500 votos. Na ocasião, ela declarou ter um total de bens de R$ 1.887.515, sendo R$ 180 mil em espécie.
Na relação, constam dois imóveis no valor declarado de R$ 370.821,00 e R$ 750 mil, um veículo de R$ 103.500 e aplicações financeiras.
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