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Após deixar prisão, Elize Matsunaga diz acreditar que marido a perdoou

Juliana Arreguy

Do UOL, em São Paulo

30/05/2022 20h42

Elize Matsunaga deixou a prisão na tarde desta segunda-feira (30), após receber liberdade condicional na Justiça, afirmando acreditar que o marido Marcos Matsunaga já a perdoou por tê-lo assassinado em 2012. Ela foi condenada a 19 anos e 11 meses de prisão por matar e esquartejar o empresário, então presidente da Yoki.

"Infelizmente não posso consertar o que se passou, o erro que cometi. Estou tendo uma segunda chance, infelizmente o Marcos não. Mas acredito na espiritualidade, que ele já tenha me perdoado e peço isso nas minhas orações", declarou ela em um vídeo divulgado pelo seu advogado Luciano Santoro.

Elize deixou hoje a penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo, onde cumpria pena desde 2012. De batom e sorridente, ela aparece no vídeo ao lado de Santoro, diz que está feliz pela nova etapa e explica que não pode, ainda, dar entrevistas à imprensa.

Ao advogado, que a buscou na prisão logo após o alvará de soltura ser cumprido, ela afirmou que tem "uma nova faculdade pela frente e um livro para escrever".

O livro, em questão, foi escrito na prisão e é dedicado à filha do casal, a quem Elize pede perdão.

A garota, hoje com 11 anos, tinha apenas 1 ano na ocasião do crime e, desde então, está sob a guarda dos avós paternos. Elize é impedida de ter contato com a filha e vem sinalizando que pretende conhecer a criança.

A família Matsunaga, por outro lado, busca destituí-la do poder familiar e retirar o nome de Elize da certidão de nascimento da garota.

Relembre o caso

Em 19 de maio de 2012, Marcos Matsunaga foi morto no duplex de pouco mais de 500 m² onde o casal morava com a filha, na Vila Leopoldina (zona oeste de São Paulo), com um tiro de pistola 380 efetuado por Elize.

Em seguida, teve o corpo esquartejado em sete partes que foram espalhadas pela mulher na região de Cotia, na região metropolitana da capital paulista. Imagens das câmeras de segurança do edifício onde viviam mostraram Elize entrando no elevador, horas após o crime, carregando três malas. Ela deixou o local de carro e retornou sem nenhuma delas.

Elize foi presa preventivamente em junho de 2012 na mesma penitenciária onde estão Suzane von Richthofen e Anna Carolina Jatobá. Em dezembro de 2016, foi condenada por um júri popular que a considerou culpada por destruição e ocultação de cadáver, e impossibilidade de defesa da vítima (quando a perícia aponta que a morte ocorreu por meio de tiro de curta distância).

Durante o julgamento, Elize alegou ter matado o marido durante uma discussão e afirmou que ele a ofendeu e ameaçou interná-la em uma instituição psiquiátrica para mantê-la longe da filha. Ainda de acordo com Elize, o casal discutia porque ela confrontou o marido sobre traições.

Por ter confessado a autoria do crime, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) reduziu a pena, em 2019, para 16 anos e três meses de reclusão.

Também em 2019, Elize havia migrado para o regime semiaberto. A defesa dela argumenta que, desde março de 2021, ela já podia pedir a progressão para o regime aberto. No entanto, argumentam os advogados, isso não foi possível por causa de uma mudança no entendimento da lei.

A Justiça não solicitou que Elize utilizasse tornozeleira eletrônica ao deixar o presídio na tarde de hoje. O livramento condicional não significa que ela progrediu para o regime aberto, mas sim que conseguiu uma forma de antecipação da liberdade, ou seja, uma maneira de se readaptar ao convívio social.

Em entrevista a Universa, o jornalista Ullisses Campbell, autor de uma biografia não autorizada dela, afirma ter consultado laudos de três psicólogos e um psiquiatra para escrever o livro. Todos os profissionais, diz ele, apontavam que Elize é psicopata.

Uma nota assinada pelos advogados Juliana Fincatti Santoro e Luciano Santoro e publicada após a decisão em favor de Elize afirma que "a MM Juíza que lhe concedeu o benefício destacou o preenchimento dos requisitos legais, em especial o resultado positivo dos exames psicológico, criminológico e teste de Roscharch, bem como o excelente comportamento e disciplina de Elize no cárcere, onde se dedicou ao trabalho e ao estudo com interesse e afinco".