SP: Homem se entrega à PM e diz que teve envolvimento na morte Bruno e Dom
Um homem de 26 anos se apresentou hoje à PM (Polícia Militar) na região da Sé, no centro de São Paulo, afirmando ter envolvimento com a morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips no Amazonas. Segundo o delegado Roberto Monteiro, da Seccional Centro, Gabriel Pereira Dantas "relata com muita riqueza de detalhes" sua suposta participação no crime e a viagem até São Paulo.
Mais cedo, uma policial já havia confirmado a prisão ao UOL. À tarde, em entrevista à imprensa, Monteiro afirmou que pediu a prisão temporária de Dantas e aguarda decisão do Poder Judiciário.
O caso está sendo investigado pela equipe do 77º DP (Distrito Policial), em Santa Cecília, também no centro da capital. A Polícia Civil de São Paulo já entrou em contato com a PF (Polícia Federal).
De acordo com o delegado, Dantas afirmou que é de Manaus e estava em Atalaia do Norte (AM). Teria dito ainda que, após ter participado do crime, saiu do Amazonas, foi para o Pará, depois para Mato Grosso, e, de carona com caminhoneiro, viajou de Rondonópolis (MT) até São Paulo.
Sem dinheiro e abrigo, ele procurou a PM por volta das 6h e falou que tinha envolvimento no crime.
Em vídeo publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, Dantas fala que ajudou a pilotar o barco dos criminosos e cita um dos suspeitos presos. Mas nega que tenha atirado em Bruno e Dom ou participado da ocultação dos corpos. "Só fiz tirar [os dois corpos do barco], eu fiquei no desespero", diz.
Monteiro não respondeu se Dantas está na lista da PF de oito suspeitos de terem participado da morte de Bruno e Dom (leia mais abaixo). Procurada, a PF também não respondeu os questionamentos da reportagem.
O delegado informou que Dantas deu nomes de testemunhas da história relatada —uma delas presta depoimento nesta tarde em Rio Verde (GO).
O crime
Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram em 5 junho no Vale do Javari, na Amazônia. Dom era correspondente do jornal The Guardian. Britânico, veio para o Brasil em 2007 e viajava frequentemente para a Amazônia para relatar a crise ambiental e suas consequências para as comunidades indígenas.
O jornalista conheceu Bruno em 2018, durante uma reportagem para o Guardian. A dupla fazia parte de uma expedição de 17 dias pela Terra Indígena Vale do Javari, uma das maiores concentrações de indígenas isolados do mundo. O interesse em comum aproximou os dois.
Bruno, servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio), era conhecido como defensor dos povos indígenas e atuante na fiscalização de invasores, como garimpeiros, pescadores e madeireiro.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a área em que a dupla navegava é "palco de disputa entre facções criminosas que se destacam pela sobreposição de crimes ambientais, que vão do desmatamento e garimpo ilegal a ações relacionadas ao tráfico de drogas e de armas".
Até o momento, a investigação da PF chegou a três suspeitos —sendo que apenas um dele, o pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, confessou a autoria no duplo homicídio. Segundo a polícia, ele havia admitido ter jogado os corpos em uma parte da mata do Vale do Javari, esquartejado e ateado fogo. No entanto, nesta semana, voltou atrás e afirmou não ter participado do homicídio.
De acordo com o depoimento do pescador, o responsável pelas mortes do indigenista e do jornalista, ocorridas no início do mês, é Jeferson da Silva Lima, também conhecido como Pelado da Dinha.
Os dois, juntamente a Oseney da Costa de Oliveira, irmão de Amarildo e conhecido como Dos Santos, estão detidos pela PF. Oseney nega envolvimento no crime. Ao todo, a corporação considera oito pessoas suspeitas.
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