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Rocco Morabito: Mafioso italiano procurado há 27 anos é extraditado pela PF

Rocco Morabito desembarcando na Itália após extradição acompanhada pela PF, na tarde de ontem  - Reprodução/Facebook/Carabinieri
Rocco Morabito desembarcando na Itália após extradição acompanhada pela PF, na tarde de ontem Imagem: Reprodução/Facebook/Carabinieri

Do UOL, em São Paulo*

06/07/2022 11h41Atualizada em 06/07/2022 11h41

Rocco Morabito, conhecido como "rei da cocaína" e procurado desde 1995 pela Justiça italiana foi extraditado ontem para o país europeu, onde atuava como um dos chefes da temida máfia calabresa, a 'Ndrangheta, uma das mais poderosas do mundo.

Ele foi preso por agentes da Interpol em maio do ano passado, após ser colocado como um dos alvos do projeto Cooperation Against 'Ndrangheta (I-CAN), que já ajudou a prender mais de 25 fugitivos em todo o mundo desde seu lançamento, em 2020, em uma ação de cooperação policial internacional. As informações foram confirmadas em nota publicada no site da Polícia Federal, que acompanhou a viagem do criminoso.

Morabito chegou à Itália hoje, anunciaram a Interpol e as autoridades italianas. Ele já foi condenado a 30 anos de prisão em seu país de origem.

O Brasil é um dos 10 países participantes do projeto I-CAN, que conecta polícias de vários países no compartilhamento de inteligência e informações para operações de combate à máfia.

A 'Ndrangheta tem tentáculos espalhados por toda América Latina, assim como Morabito, de 56 anos, que possui "fluidas relações com organizações criminosas latino-americanas".

Ele é procurado desde 1995 pela Justiça italiana por associação ilícita e por tráfico de drogas.

Morabito desembarcou no aeroporto de Roma-Ciampino escoltado por agentes da polícia italiana, sendo imediatamente transferido para uma prisão.

Com sua extradição, "envia-se uma mensagem forte: demonstra-se que nossa rede policial é mais poderosa do que a rede criminosa criada por grupos mafiosos", declarou o promotor antimáfia da Reggio Calabria, Giovanni Bombardieri.

Mafioso fugiu por telhado de presídio no Uruguai

Morabito já havia sido preso em um hotel em Montevidéu, no Uruguai, em 2017, após viver por 13 anos com identidade falsa no balneário de Punta del Este.

A Justiça uruguaia aprovou sua extradição para a Itália em 2018, mas, em junho de 2019, ele protagonizou uma notória fuga pelo telhado do Presídio Central de Montevidéu junto com outros três estrangeiros, permanecendo foragido até ser preso em 2021, em João Pessoa.

Ele é acusado de ter distribuído em torno de 592 quilos de cocaína pela Itália, em 1992, e 630 quilos, em 1993.

O mafioso ganhou o apelido de "rei da cocaína" em Milão, por dirigir, com base na cidade, a distribuição da droga na Europa.

Extradição passou por STF e Bolsonaro

A extradição de Morabito foi aprovada em março deste ano pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF)

Ele dependeu ainda agora do aval do presidente Jair Bolsonaro (PL) para que o Ministério da Justiça e Segurança Pública desse início aos trâmites de cooperação internacional. Há apenas uma semana, o chefe do Executivo chegou a suspender a entrega, alegando que o mafioso também tinha um processo criminal em curso no Brasil.

Por lei, a pendência impediria sua extradição, a não ser que a Justiça do país autorizasse ou que o próprio investigado pedisse para ser enviado ao país de origem. Por fim, o ministério consultou o Poder Judiciário, que autorizou a liberação antecipada.

*Com informações de AFP e Estadão Conteúdo