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Equivale a 10 policiais: por que a PM ainda usa cavalos em pleno 2022?

Cavalaria da PM em São Paulo - PM/Divulgação
Cavalaria da PM em São Paulo Imagem: PM/Divulgação

Matheus Brum

Colaboração para o UOL

14/07/2022 04h00

É comum em grandes cidades do Brasil ver a cavalaria da Polícia Militar pelas ruas. Normalmente, o setor é empregado para atuar em eventos com muitas pessoas, como feiras, festas, jogos de futebol, e em ações corriqueiras do dia a dia.

Estando em 2022 e repletos de tecnologias mundo afora, parece estranho que animais sejam usados para fins de patrulha policial, não? Mas existem motivos para isso.

Os equinos são treinados diariamente, desde o nascimento. Primeiramente, os animais são acariciados, têm um trabalho de movimentação dos membros e também ingestão de vitaminas orais. A partir dos três anos de idade se inicia a doma. Após este período começa um treinamento específico no qual o cavalo começa a ser treinado para as ocorrências diárias, como movimentações de pessoas, barulhos de tiros, fogos de artifício, etc.

Campo de visão e força

São várias as justificativas para se usar os animais no patrulhamento diário. A principal delas é o campo de visão. Montado em um cavalo, o policial militar tem uma visão de cima sobre o que se passa ao redor dele, o que permite saber exatamente o local em que a PM deve se encontrar.

A força física do cavalo também chama a atenção. De acordo com a PM do Rio Grande do Sul, um cavalo equivale a 10 policiais militares a pé. Então a presença do animal já é um fator que ajuda a dispersar multidões e terminar com conflitos que estejam acontecendo nas ruas.

O uso do animal também ajuda o policial militar a ultrapassar eventuais barreiras, ou estar em locais mais estreitos em que veículos não podem passar. Além disso, por dar ao policial a visão do alto e ser um animal forte, a presença do cavalo diminui o confronto do PM com a população.

Fator psicológico

Também há o fator psicológico. Um estudo de 2014 da Universidade de Oxford, da Inglaterra, e da ONG Rand Europe, chegou à conclusão de que policiais sobre cavalos geram seis vezes mais interesse na população do que policiais caminhando. Isso gera efeito, por exemplo, nas crianças, que acabam se interessando pelos animais e interagem com os policiais por consequência.

Normalmente, os cavalos ficam na ativa durante 18 anos. Trabalham dois dias seguidos, ganhando dois dias de folga. Ao final do período de "trabalho", os animais podem ser doados. Caso não ache um dono, continua a ser tratado pela Polícia Militar, mas não é empregado no patrulhamento diário.

Policiais montados em cavalos no Rio Grande do Sul - Divulgação/Governo do Rio Grande do Sul - Divulgação/Governo do Rio Grande do Sul
Policiais montados em cavalos no Rio Grande do Sul
Imagem: Divulgação/Governo do Rio Grande do Sul

Outros animais são usados pela Polícia Militar

Os cavalos não são os únicos animais usados pela PM para ajudar no combate à criminalidade. A corporação também utiliza cachorros no dia a dia. Eles são úteis para encontrar drogas e outros materiais ilícitos escondidos, ou enterrados, dentro das casas. Os cachorros também são usados pelos Bombeiros para ajudar a encontrar vítimas de desabamentos e soterramentos.

Na cidade de Soure, localizada a 97 quilômetros de Belém, no Pará, a Polícia Militar utiliza búfalos no policiamento diário. O animal é símbolo da região, por isso é empregado pelo órgão.

búfalo - Marizilda Cruppe/The New York Times - Marizilda Cruppe/The New York Times
Policiais militares fazem patrulha montados em búfalos na Ilha de Marajó
Imagem: Marizilda Cruppe/The New York Times

De acordo com o governo paraense, além de trazer segurança, também é um atrativo para turistas e moradores da região. Como se trata de uma região com muitos rios, os búfalos são úteis, pois podem se locomover em áreas alagadas.