Mulher perde mais de R$ 40 mil ao cair em golpe de ator sul-coreano fake

Um novo golpe, envolvendo a imagem do ator sul-coreano Park Bo-gun, o primeiro a liderar a lista de celebridades mais poderosas da Coreia pela Forbes, já vitimou sete mulheres brasileiras. A primeira a revelar o caso foi uma aposentada de Ribeirão Preto, que se diz falida e desesperada após transferir mais de R$ 40 mil para contas bancárias do suposto ator.

O consulado geral da República da Coreia em São Paulo, que já vinha investigando outros dois casos de golpe contra mulheres no Brasil, foi informado do caso envolvendo o nome do ator em agosto. E lançou um alerta em seu site para informar a comunidade.

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"A primeira comunicação que chegou ao consulado de golpe praticado contra uma mulher brasileira ocorreu em junho. Ela era do Rio Grande do Sul", disse ao UOL o advogado do consulado, Rafael Kang. "Ela não perdeu dinheiro, mas passou ao golpista uma série de informações pessoais. Em agosto, recebemos um segundo comunicado de golpe, dessa vez contra uma mulher em Brasília".

Nos dois casos, o golpe era parecido. Alguém se fazia passar por um jovem sul-coreano que se dizia apaixonado pelas mulheres e que queria vir ao Brasil para conhecê-las, com o suporte financeiro delas.

"Fizemos um alerta no site do consulado quando recebemos a denúncia do segundo caso. Dias depois, recebemos a primeira denúncia de golpe envolvendo o ator Park Bo-gun", conta o advogado.

Na verdade, o golpe era muito parecido com os dois anteriormente denunciados. Só que, dessa vez, ao invés de ser apenas um jovem sul-coreano desconhecido a se apaixonar pelas brasileiras, o personagem escolhido pelos golpistas era um ator bem-sucedido e conhecido mundialmente.

"Em montagens fotográficas toscas, o golpista enviava às "fãs" imagens segurando cartazes dizendo que as amava, por exemplo", ilustra Kang.

"Eu perdi todo o meu dinheiro, fiquei sem até para comprar comida", contou uma moradora de Ribeirão Preto, a primeira mulher a denunciar o golpe. Segundo ela, em janeiro deste ano, ela aceitou uma solicitação de amizade do ator nas redes sociais e, a partir daí, trocou diversas mensagens com ele, acreditando se tratar mesmo do artista.

Mas o Park Bo-gun com quem ela trocava mensagens era, na verdade, um estelionatário se passando pelo ator. "Ele disse que queria vir [ao Brasil] para me conhecer", lembra a mulher. Porém, para que conseguisse vir ao País, ele alegou que teria que pagar uma multa contratual à empresa que o agenciava. E pediu o montante à fã brasileira.

Com a promessa de receber o dinheiro de volta, a mulher diz que chegou a fazer financiamentos para arcar com o valor solicitado. Segundo o consulado, ela perdeu entre R$ 40 mil e R$ 45 mil, achando estar ajudando o ator, que chegou a fazer ameaças quando ela desconfiava dos pedidos dele.

"Eu sou 100% real, não é falso, mas você nunca acreditou. Você sempre pensa que sou um golpista, mas eu não sou, você definitivamente vai se arrepender quando você finalmente souber que eu sou real Park Bo-gum de carne e osso", chegou a escrever o golpista em uma das mensagens. "Eu vou fazer você chorar e se tornar uma pedra rejeitada em sua área porque você merece", escreveu o homem, em outra.

Alerta vermelho

No dia 14, o consulado sul-coreano publicou um novo alerta em seu site, contando o que havia acontecido com a moradora de Ribeirão Preto, identificada apenas como Angela. "Acredita-se que o autor do crime seja um brasileiro que, agindo de má-fé, teria se passado pelo artista. Infelizmente, a vítima caiu no golpe, tendo prejuízo financeiro e se endividando", diz o consulado, em trecho do aviso.

"O Consulado manifesta a sua estima a todos os fãs da cultura coreana, e os alerta para que tomem precauções, evitando serem vítimas de golpes", completa.

Em cinco dias, outras seis mulheres entraram em contato com o consulado, dizendo-se vítimas do mesmo golpe do falso ator. "Nós então preparamos um comunicado que foi encaminhado à Polícia Federal e também estamos acionando a Polícia Civil em todos os estados do Brasil", comentou o advogado do consulado.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo foi procurada para comentar o caso, mas informou que só poderia se manifestar se soubesse a data e a delegacia em que a mulher registrou o primeiro caso, em Ribeirão Preto.

"Acreditamos que se trata de uma quadrilha. Não parece uma pessoa agindo sozinha. E também acreditamos que esses golpistas estão sediados no Brasil, pois as contas oferecidas para depósito dos valores são contas em território nacional, em nome de brasileiros. Mas essa é uma questão para a polícia investigar. Seja aqui no Brasil, seja na Coreia, onde também foi acionada", afirma Kang.

O consulado listou alguns cuidados para que as pessoas evitem cair futuramente em golpes envolvendo a cultura sul-coreana:

- Desconfie de perfis de redes sociais que entram em contato apresentando-se como celebridades;
- Artistas coreanos e agências nunca exigem dinheiro;
- Em caso de suspeita de golpe, faça um boletim de ocorrência ou entre em contato com a embaixada e/ou consulado.