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'Preciso de proteção', diz ex-amante suspeita de esfaquear político

Daisa afirma que pegou o primeiro objeto que encontrou sobre o balcão da pia para se defender das agressões do ex-amante - Reprodução/Instagram
Daisa afirma que pegou o primeiro objeto que encontrou sobre o balcão da pia para se defender das agressões do ex-amante Imagem: Reprodução/Instagram

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

27/09/2022 23h22

A Luxuosinha. Assim é conhecida nas redes sociais a influencer Daisa Garcia, suspeita de ter esfaqueado o empresário e candidato a deputado federal pelo Republicanos Saulo Batista da Silva, de quem era amante. Se sentindo envergonhada e arrependida de ter mantido seu relacionamento com o político, ela aproveitou seu crescente engajamento no Instagram, onde possui mais de 21 mil seguidores, para denunciar o ex-amante por agressão, postando fotos em seus stories que mostram marcas roxas nos ombros, braços e mãos.

Ainda abalada e um pouco retraída, Daisa contou com exclusividade ao UOL que estava com muito medo de vir a público contar o que aconteceu ontem no flat duplex onde vivia o político. Ela afirma que "conhece muito bem" o comportamento dele e diz temer por sua integridade física.

Daisa conta que o casal viveu junto por mais de dois anos, mas que eles resolverem viver apenas como namorados, para que ela tivesse um pouco de privacidade para receber a filha de 13 anos. Eles continuaram morando no mesmo prédio, mas em andares diferentes, em Campo Grande (MS).

No sábado (24), a filha estava com ela no apartamento e Daisa decidiu pedir uma refeição por aplicativo. "Fui pedir para ele e ele me xingou de vagabunda, exploradora. Foi horrível. Resolvi terminar com ele. No domingo, levei minha filha até o pai. Quando voltei, a senha da minha fechadura havia sido trocada. Fui tirar satisfação com ele e tivemos outra briga. Só que dessa vez, além de xingar, ele começou a me bater e puxar meus cabelos, me arrastando pela casa. Depois tentou me sufocar com o travesseiro".

A influencer publicou em seus stories imagens mostrando as marcas das agressões  - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
A influencer publicou em seus stories imagens mostrando as marcas das agressões
Imagem: Arquivo Pessoal

Daisa conta que o porteiro, já conhecendo como ela era tratada, chamou a polícia. Mas ela não quis prestar queixa, para não prejudicá-lo em sua campanha para deputado. Com a nova senha da fechadura em mãos, ela retornou para o apartamento dela.

"Na segunda, ele disse que ia viajar. Eu, que já estava recolhendo tudo do meu apartamento para ir embora, achei que seria uma boa oportunidade de pegar as coisas que eu mantinha no flat dele. Cheguei e abri a porta. Não havia ninguém no andar de baixo. Comecei a recolher algumas coisas e subi para o quarto para pegar minhas roupas no armário. Foi aí que ele apareceu na escada, pelado, e me jogou contra a parede, falando um monte de palavrões", lembra Daisa.

"Depois, escutei uma risadinha, uma voz de mulher. Enquanto ele me agredia, ela passou por mim, só de calcinha, dizendo que não queria confusão, que ela era uma profissional, que só queria o dinheiro. Eu fiquei fora de mim. Depois de todo o terror psicológico que ele fez comigo, ele estava me traindo com uma prostituta?", indaga.

Daisa conta que ficou cega de raiva e decepção. Agarrou os cabelos da mulher com toda a força, enquanto Silva tentava separá-las e, segundo a influencer, a agredia ainda mais. Foi quando, num dado momento, o político conseguiu prensar a ex-amante contra a pia. E, nas palavras dela, começou a agredi-la e estrangulá-la.

"Eu fui ficando sem ar, não conseguia respirar. Comecei a tatear com a mão o balcão da cozinha, atrás de mim, procurando algo para me defender dele. Quando eu senti que tinha alcançado um objeto, comecei a bater nele com essa coisa, depois soube que era uma faca de mesa, de serrinha. Não tinha como matá-lo, como ele alegou que eu queria fazer".

Foi assim que Daisa foi parar na delegacia, suspeita de tentar matar o ex-amante. Porém, ela diz que o político não contava que ela iria apresentar o seu histórico anterior de comportamento abusivo. Entre eles, uma ação na Justiça por danos morais, após Silva ter criado um perfil falso no Instagram, chamado "Corno de Consórcio", em que ridicularizava e expunha publicamente o ex-marido da influencer e ameaçava divulgar vídeos íntimos dela.

Segundo Daisa, o político começou a fazer coisas "terríveis" contra ela porque ela queria romper com ele e voltar para o ex-marido. "A pressão foi tanta que acabei aceitando a chantagem dele para o meu ex ficar em paz", contou a influencer.

"Assim que soube de tudo que ele fazia contra mim, o delegado mudou o flagrante, viu que eu estava machucada, acabou virando um registro como lesão corporal dolosa". De fato, no boletim de ocorrência, ambos - Silva e Daisa - constam como autor e vítima das agressões.

Homem solteiro

Daisa, hoje com 29, lembra que conheceu Silva, 40, há três anos. Ela estava visitando um amigo em São Paulo quando, durante um jantar no Terraço Itália, foi apresentada ao político. Eles conversaram a noite toda, ficaram juntos alguns dias e resolveram namorar. Afinal, segundo ela, ele havia dito ser um homem solteiro.

"Foi amor à primeira vista. Fomos passar uma semana no Guarujá, os primeiros dias foram maravilhosos. Até que, no quinto dia, eu vi uma foto de uma mulher no celular dele. Perguntei quem era, ele apenas disse o nome. Depois fui pesquisar no Google e descobri ser a mulher dele. Ele era casado e tinha mentido para mim".

Hoje ela sente vergonha por concordar em viver com Silva como amante. "Ele é um homem instável. Agressivo. Ele quase destruiu minha vida quando eu decidi voltar para o meu ex-marido. Por isso, a única coisa que eu peço agora é proteção. Eu não quero dinheiro, não quero bens. Eu preciso de proteção para mim, para a minha filha. Eu sei do que esse homem é capaz".

Candidato confirma relação

Mais cedo, Saulo afirmou ao UOL que Daisa tem uma versão "mentirosa e fantasiosa dos fatos" e que a alegação de que ela foi agredida por ele é uma "estratégia" da ex-amante e de sua advogada para levar o caso a uma investigação na Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher), mesmo sem provas de que ele a atacou primeiro.

"Eu compreendo a importância dessa estrutura para acolher a mulher e fazer uma livre apuração, ainda mais em um estado como Mato Grosso do Sul, com índice alto de feminicídios, mas esse tipo de estratégia pode ser um desserviço à causa. É importante que a verdade de um homem não valha menos que a mentira de uma mulher", declarou Saulo, que ainda questionou a decisão da polícia de liberar Daisa sem pagamento de fiança.

"Tenho marcas de escoriações antigas e novas, já ela, não tem um único hematoma. Nos pulsos e nos cabelos tem marcas porque é onde você segura para evitar mordidas e facadas. Ela estava próxima o suficiente para eu dar tapas e socos, mas ela não tem marcas", completou o candidato.