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Picanha do Mito: 'muvuca' e doença levaram à morte de mulher, diz filha

Do UOL, em São Paulo

05/10/2022 10h49Atualizada em 05/10/2022 18h12

Yeda Batista, que morreu após passar mal em promoção realizada pelo Frigorífico Goiás da "Picanha Mito", tinha problemas renais e sofreu uma hemorragia após o tumulto causado no estabelecimento pela oferta do produto, segundo a filha dela, Iara Dias. No domingo (2), dia das eleições presidenciais, o produto em homenagem ao presidente Jair Bolsonaro (PL) estava sendo vendido por R$ 22 o quilo e gerou comoção entre o público. A peça habitualmente tem valor aproximado de R$ 1,8 mil/kg.

Segundo Iara, Yeda se machucou durante o empurra-empurra. "Minha mãe tinha problemas nos rins. Ela se machucou durante a 'muvuca' da fila, não tínhamos ideia que o edema ia causar uma hemorragia. E foi essa hemorragia que levou a morte da minha mãe", disse ela ao UOL.

No boletim de ocorrência a família registrou que Yeda tinha Doença de Berger e que sofreu uma hemorragia na perna, que não parava de inchar.

Após o tumulto, ela decidiu aguardar o marido, Vanderlei de Paula Dias, no carro.

"Estava um clima bom, mas foi chegando muita gente e ainda atrasou a abertura. Falei para irmos embora, mas ela insistiu em ficar no local até 9h. Estávamos bem próximos da porta, mas na hora de abrir o tumulto foi tão grande que me perdi dela. Depois de procurar, vi que ela estava dentro do carro", contou ele, ao jornal goiano Diário do Estado.

Quando ele retornou, percebeu que a perna esquerda da mulher estava inchada e ela reclamava de dor. Eles retornaram para casa e Vanderlei saiu para votar, mas logo recebeu uma ligação da mulher informando que as dores persistiam.

yeda - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Yeda Batista morreu horas após o tumulto
Imagem: Reprodução/Instagram

Vanderlei retornou às pressas para casa e levou Yeda até o Hospital Santa Mônica, onde ela recebeu os primeiros atendimentos e, na sequência, foi encaminhada ao Instituto de Angiologia de Goiânia. No entanto, Yeda sofreu um choque hipovolêmico, decorrente da grande perda de líquidos e sangue, e não resistiu, segundo consta no boletim de ocorrência.

A princípio o caso foi registrado como morte acidental. No entanto, foi solicitado um exame cadavérico para apurar as causas da morte da mulher. A 4ª DDP de Goiânia está investigando os fatos.

Picanha polêmica

Nas redes sociais, o sertanejo Rodrigo, da dupla com George, divulgou a promoção. No dia do evento, uma grande fila se formou na porta do frigorífico. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o tumulto que foi gerado entre os clientes que tentaram forçar entrada na loja.

A ação, por sua vez, se tornou alvo da Justiça, que pediu para que o estabelecimento encerrasse imediatamente a promoção e apagasse as publicações das suas redes sociais, sob pena de multa de R$ 10 mil por hora.

O cantor Gusttavo Lima também virou alvo da Justiça. Ele era um dos sócios do frigorífico e também "o rosto" das campanhas publicitárias. No entanto, em maio deste ano, anunciou ter encerrado os trabalhos de divulgação da marca.

O Ministério Público Eleitoral acionou o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás para que o cantor sertanejo e o estabelecimento sejam condenados ao pagamento de multa de R$ 20 mil por propaganda eleitoral irregular. A ação está ligada ao uso, em maio, de um helicóptero adesivado nas cores verde e amarelo, com a mensagem 'Bolsonaro Presidente'.