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Congonhas tem filas e voos cancelados após pista fechar por incidente

Rafael Neves e Robson Santos

Do UOL, em São Paulo

09/10/2022 17h51Atualizada em 10/10/2022 00h24

Com a pista principal interditada devido a um incidente com um avião de pequeno porte no começo da tarde de hoje (9), o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, teve problemas com todos os voos, que foram suspensos ou cancelados.

Apenas às 22h18, quase nove horas após a ocorrência, a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) informou que as operações de pouso e decolagem no aeroporto de Congonhas foram liberadas, e o aeroporto deve ficar aberto até a 01h excepcionalmente.

Por volta de 13h32, um jato comercial derrapou após ter um pneu estourado. Nenhuma das cinco pessoas a bordo se feriu, mas a aeronave quase ultrapassou a cabeceira da pista.

De acordo com a Infraero, do horário do incidente até o final da noite, 140 voos foram cancelados, sendo 73 partindo do Aeroporto de Congonhas e 67 chegando.

As investigações sobre a causa do acidente estão sendo conduzidas pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes), órgão do Comando da Aeronáutica.

Longa espera. Pouco depois das 21h30, ainda era extensa a fila de passageiros à espera de remarcação do voo, e muitos clientes desistiram de esperar e começaram a deixar o aeroporto.

As companhias aéreas oferecem a opção de remarcar a viagem por telefone, mas, na prática, essa opção é viável apenas para passageiros que moram em São Paulo e não precisam garantir pernoite em hotéis pagos pelas empresas.

Para quem mora fora de São Paulo e só poderá voltar para casa amanhã, a única opção de assegurar hospedagem é enfrentar a fila.

"Aqueles que não residam em São Paulo e necessitem de acomodação, podem reservar hotel por meios próprios ou permanecer na fila para atendimento", informa um comunicado impresso da Latam que é entregue aos passageiros.

Funcionários do aeroporto informam que os guichês de atendimento permanecerão abertos pelo tempo que for necessário.

Como esteva a situação no terminal? Ao longo da tarde e do começo da noite, passageiros se aglomeravam no saguão. Por volta das 18h, a fila do salão onde os clientes fazem o check-in acumulava centenas de pessoas.

A fila atravessava um longo corredor, passava pelo saguão de entrada e quase alcançava o setor de desembarque, na outra extremidade do aeroporto. O clima de espera era de frustração e impaciência, mas sem tumultos.

A Azul informou, em nota, que voos da companhia foram cancelados e que "os clientes receberam toda a assistência necessária".

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Interdição da pista do aeroporto de Congonhas causou longas filas no terminal de passageiros
Imagem: Rafael Neves/UOL

A Latam que todos os clientes com voos domésticos programados com origem, conexão ou destino para Congonhas têm "total flexibilidade de postergar ou cancelar suas viagens sem custo, podendo remarcar ou pedir o reembolso integral das suas passagens aéreas sem cobrança de multa e de diferença tarifária em até 15 dias da data do seu voo original".

Também procurada, a Gol informou que teve ao menos 41 voos cancelados e que presta assistência aos passageiros "e recomenda que os passageiros afetados evitem ir para o aeroporto de Congonhas". A companhia pediu que os passageiros afetados liguem para seu serviço de atendimento para remarcar voos.

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Painel sobre voos no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, pede que passageiros busquem a companhia aérea para mais informações
Imagem: Rafael Neves/UOL

Passageira de Recife, Edna Lúcia, havia visitado São Paulo no final de semana com a família e tinha um voo marcado para as 20h30.

Duas horas antes, com a previsão do voo ainda mantida, ela tinha esperança de embarcar neste domingo, mas se dizia ansiosa pela falta de previsão para a liberação da pista.

"É a primeira vez que passamos por uma situação desse tipo. Temos trabalho no dia seguinte e, mesmo não sendo nada urgente, é um transtorno. Só nas mãos de Deus mesmo", disse.

Como foi o incidente? Segundo a Infraero, o pneu do trem de pouso traseiro de uma aeronave de pequeno porte estourou.

Após derrapar na pista, o avião —um jatinho que pertence a uma empresa mineira de cimento— parou na taxiway, uma faixa tangente à pista principal na qual as aeronaves podem manobrar para um hangar ou terminal.

Imagens nas redes sociais mostram que o jato esteve perto de ultrapassar o limite da pista e cair sobre a avenida Washington Luis, ao lado do aeroporto. Apesar do susto, ninguém se feriu na ocorrência.

De acordo com o site RadarBox, que monitora a trajetória dos voos, o jatinho havia partido de Foz de Iguaçu, no Paraná, às 12h15, e chegou a Congonhas às 13h30, quando sofreu o acidente.

Em nota, a Infraero disse que "as equipes técnicas sob responsabilidade da empresa proprietária da aeronave continuam trabalhando para a retirada do equipamento que teve os trens de pouso danificados, sendo necessária uma prancha para a remoção da aeronave".

Relatos de quem foi afetado

Qual é a história de Sirleide Souza Mendes? Ela e as colegas são podólogas e moram em Florianópolis (SC). Chegaram em São Paulo na sexta, participaram de um congresso no sábado e no domingo e tinham retorno marcado para as 21h.

Com o cancelamento do voo, foram informadas que só vão poder embarcar amanhã às 16h40, mas estavam na fila para conseguir hospedagem e alimentação.

Sirleide disse que essa já é a terceira vez que ela teve um voo adiado por conta de cancelamentos, mas que foi a ocasião mais cansativa.

"Bastante cansativo. Imagina, né. Estava no Congresso hoje das 9h às 19h, e foram dois dias cheios. Aí a gente chega aqui e está esse caos, a gente quer o que? Ir para casa. Como? Não tem possibilidade. Infelizmente tem que aguardar".

"Vou acabar também perdendo um dia de serviço, porque amanhã tinha que trabalhar. E, por conta disso tudo, tive que cancelar a agenda".

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A podóloga Sirleide Souza Mendes, de blusa preta, e duas colegas não puderam embarcar no aeroporto de Congonhas neste domingo
Imagem: Rafael Neves/UOL

Qual é a história de Valdir Nunes? Motorista, ele mora em São Paulo e estava esperando sua chefe chegar de Navegantes (SC), para recepcioná-la. No final da tarde, por volta das 19h, ele já estava no aeroporto havia horas e ainda não haviam passado uma posição definitiva se o avião poderia desembarcar em Congonhas ainda nesse domingo ou não.

Diante da indefinição, decidiu ir para casa e criticou as autoridades: "acho que a Infraero agiu mal. Lá no começo da tarde, quando o avião derrapou e eles viram que ia demorar para resolver, eles já deviam ter providenciado a remarcação, e não deixado todo mundo esperando por horas e achando que ainda daria para embarcar".

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O motorista Valdir Nunes ficou esperando uma passageira em Congonhas neste domingo
Imagem: Rafael Neves/UOL

Qual é a história de Hermínio Ferreira Gomes? Engenheiro eletrônico, ele mora em Campo Grande (MS) e estava retornando de um congresso de engenharia em Goiânia. O avião parou em Congonhas para fazer escala. Quando ele já estavno segundo avião, para fazer o trecho final do trajeto, veio a informação do acidente e todos tiveram que descer.

"Nós não temos uma logística para um acidente desses. Imagine se fosse com um avião de grande porte. São Paulo é o coração do Brasil. Todos os voos grandes saem daqui. Então parou o Brasil inteiro. O prejuízo econômico vai ser incalculável."