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Advogado faz gesto nazista para juiz austríaco em pelada e diz: 'Exagerei'

Caso foi registrado no sábado (22) e OAB afirmou na terça-feira (26) que abriu investigação sobre o assunto - Reprodução de vídeo
Caso foi registrado no sábado (22) e OAB afirmou na terça-feira (26) que abriu investigação sobre o assunto Imagem: Reprodução de vídeo

Do UOL, em São Paulo

27/10/2022 11h48Atualizada em 27/10/2022 14h08

Um advogado do Distrito Federal é investigado pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) por ofender com uma saudação nazista um árbitro austríaco durante uma partida em um campeonato de futebol promovido pela instituição. Ele alegou que "exagerou" na reação e que se referia ao juiz como "ditador" (leia mais abaixo). Apologia ao nazismo pode ser enquadrada como crime na lei brasileira.

O caso foi registrado no clube da OAB/DF, localizado no Setor de Clubes Sul, no sábado (22). O advogado Françoar Dutra estava no banco de reservas na partida entre os times da subseção Brazlândia e a subseção de Taguatinga.

Segundo a súmula da partida, à qual o UOL teve acesso, Dutra se exaltou após uma falta ser marcada a favor do time dele, proferindo uma palavra de baixo calão e pedindo que o jogador do time adversário levasse um cartão amarelo.

O árbitro reserva, austríaco, teria pedido que ele se acalmasse, deixando o advogado ainda mais irritado.

"Ao perceber que o árbitro reserva não é brasileiro, e sim austríaco, o atleta se afastou e fez o 'gesto de Hitler', levantando o braço direito, dizendo as seguintes: 'Heil Hitler'", diz trecho da súmula.

Segundo o advogado Kiko Omena, que testemunhou a confusão após a fala de Dutra, o árbitro ficou profundamente abalado com a ação de Françoar.

"Ele não conseguia falar, chorava muito. Nunca presenciei uma cena tão triste. Chamei o árbitro, falei o que estava acontecendo, o árbitro expulsou Françoar e começou aquele tumultuo", disse Omena, em entrevista ao UOL.

A súmula do jogo destaca que Françoar é representante do time dele no campeonato. Nas redes sociais, ele ressalta que é presidente da subseção Brazlândia da OAB/DF.

Outro lado

Em nota enviada ao UOL, a assessoria de imprensa do advogado afirmou que ele não conhecia o árbitro e não sabia da origem dele.

Segundo Françoar, ele se sentiu "repreendido" após reclamar que um jogador do time dele estava sendo agredido. "Me senti repreendido de forma excessiva pelo árbitro da súmula, momento em que lhe disse que estava se portando de forma 'ditatorial'. Falei na forma coloquial e em sentido figurado", afirmou ele, em nota enviada ao UOL.

O advogado disse que pediu desculpas ao árbitro após o fim da partida e que "ali ficou o acontecido".

"Sou filho de nordestina e goiano e sou contra qualquer tipo de atitude racista ou xenófoba. O que ocorreu foi que me expressei de maneira exagerada no calor do jogo", alegou ele.

oab - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Em nota, a OAB/DF afirmou que um processo para apuração dos fatos foi aberto na terça-feira (25). "A OAB/DF reafirma que não coaduna com quaisquer atitudes discriminatórias", disse o órgão em nota.

O UOL buscou a Polícia Civil do Distrito Federal para saber se algum boletim de ocorrência sobre o caso foi aberto, mas o órgão informou que nenhum registro foi encontrado até a manhã de hoje.

Apologia ao nazismo é crime

A lei 7.716/1989 diz que é crime "praticar, induzir ou incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". A pena é de reclusão de um mês a três anos e multa — ou reclusão de dois a cinco anos e multa se o crime foi cometido em publicações ou meio de comunicação social.