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'Escrevia o nome antes de 3 anos': quem é a mais nova superdotada do Brasil

Athena começou a escreveu seu nome e as palavras "mamãe" e "papai" antes de completar 3 anos - Arquivo pessoal
Athena começou a escreveu seu nome e as palavras "mamãe" e "papai" antes de completar 3 anos Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

25/11/2022 04h00

Antes mesmo de completar três anos de vida, Athena Macário Silveira foi aceita na Mensa Internacional —sociedade britânica que reúne pessoas de alto QI (quociente de inteligência) no mundo. Ela é a mais jovem integrante do grupo no Brasil, que conta com 297 participantes menores de idade.

Nos primeiros sinais que consideraram "diferentes" na filha, os pais de Athena acreditavam que seu desenvolvimento acima da média era "coisa de pai e mãe que sempre vê o filho como o mais inteligente". A situação mudou quando outras pessoas começaram a ficar surpresas com a boa comunicação da menina.

Ela também é a primeira amapaense a fazer parte da Mensa no Brasil. Segundo dados da organização, São Paulo lidera o ranking com 109 superdotados menores de idade. Athena tem um QI de 132 — a média brasileira é de 87.

A Mensa, no entanto, não usa o valor numérico do QI, porque, segundo a organização, ele pode variar de metodologia. O grupo utiliza o percentil 98 — ou seja, os 2% da população de mais alto QI.

Suspeitas no começo. O pai de Athena, Daniel Moreira Silveira, costuma falar que a filha é da "geração pandemia" já que nasceu cinco meses antes do início da pandemia da covid-19 no Brasil. A menina foi só conhecer o mundo depois de um ano e meio de vida.

"Mas ela já tinha um comportamento diferente de outras crianças", conta Silveira. Segundo ele, a filha quase não chorava e sempre tentava se comunicar de outras formas. "Ela gritava, colocava a mão na fralda", relembra Silveira.

Com formação em medicina, o pai de Athena também disse que passou a ver que o desenvolvimento da filha não seguia a mesma linha de outras crianças.

Antes dos três anos, ela já escrevia o nome dela, 'mamãe' e 'papai'. Sempre se comunicou muito e andava retinha, como se fosse uma adulta e não um bebê com os primeiros passos.
Daniel Moreira Silveira, pai de Athena e médico

O diagnóstico e desafios. A família buscou uma neuropsicóloga para fazer os primeiros testes.

"Fizemos muitas avaliações e sessões até para entender se ela poderia ter algo relacionado ao autismo ou TDAH [transtorno de déficit de atenção com hiperatividade], mas no final saiu que o QI dela era acima da média", diz o pai da menina.

Dias depois, Athena foi aceita na Mensa. Segundo os pais, os profissionais apontam que a linguagem utilizada por Athena está no mesmo nível da comunicação de uma criança de seis anos — o dobro de sua idade.

"Nosso desafio agora é tentar estimular e ver o que ela gosta de fazer", conta a mãe da menina, a bacharel em direito Daniela da Costa Macário.

Athena também já consegue relacionar todas as letras do alfabeto com a primeira letra do nome de algum colega da escola ou de animais.

Futuro. Com o passar dos anos, profissionais apontam que crianças superdotadas podem perder o interesse com a escola. Até o momento, os pais de Athena afirmam que não passam por esse desafio, mas afirmam que vão tomar as decisões conforme o desenvolvimento da menina.

Em entrevista ao UOL, o vice-presidente da Mensa Brasil, Carlos Eduardo Fonseca, disse que crianças superdotadas, geralmente, são pouco compreendidas. "Não existe capacitação para atendimento dessas crianças."

A legislação prevê que crianças com QI acima da média têm os mesmos direitos de alunos da educação inclusiva.

Isso significa, por exemplo, que elas têm direito ao AEE (Atendimento Educacional Especializado), acesso a escola pública e as salas de recursos —usadas para apoiar a aprendizagem do aluno com foco nas necessidades individuais, em um trabalho personalizado em paralelo ao da sala regular.

A gente tem visto que avançar a criança em muitas séries na escola pode prejudicar também na socialização. Não adianta a Athena aproveitar o intelectual e perder o social. Vamos tomar as decisões agora dia após dia."
Daniel Moreira Silveira, pai de Athena e médico

Meu filho é superdotado? De acordo com a Mensa Brasil, uma pessoa é considerada superdotada após atender três critérios:

  • alta capacidade intelectual, o famoso teste de QI;
  • alta criatividade;
  • e alta motivação.

Esses critérios são avaliados a partir de testes feitos por profissionais especializados.