Carlos Madeiro

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Reportagem

Seca recorde cria campo com gramado no rio Negro

Em Manaus, um largo campo gramado tomou conta de parte das margens do rio Negro, que enfrenta a sua pior seca em 121 anos de medições.

No mês passado, o rio teve a maior baixa de sua história, com leito a 12,11 metros entre os dias 9 e 12, segundo medições do Porto de Manaus. A partir do dia 13, o nível voltou a subir ao longo de nove dias, chegando a 12,5 metros. Desde o dia 24, no entanto, o nível voltou a baixar.

Nesta segunda-feira (4), o rio baixou mais um centímetro e atingiu 12,17 metros, apenas seis centímetros a mais que a mínima registrada. Para efeito de comparação, no dia 4 de setembro, a cota do rio estava em 19,01 metros. Há manauaras visitam o local para presenciar o fenômeno.

Ciclo natural

O nascimento da grama no leito seco do rio faz parte de um ciclo natural de um ambiente de planície de inundação, diz Leandro Sousa, biólogo e professor da UFPA (Universidade Federal do Pará). "Essa área está sendo colonizada pelas gramíneas que normalmente já crescem nas margens dos rio".

Durante a cheia, diz o biologo, a fauna e flora terrestre se adaptam ao ambiente alagado. "A fauna migra, as plantas podem suportar o alagamento ou mesmo morrer, dependendo da espécie", conta.

Quando as águas baixam, uma planície se expõe ao sol, com muitos nutrientes --são as planícies férteis, comuns em vários rios. Muitas plantas são adaptadas para crescer rapidamente neste período de seca, especialmente gramíneas, afirma o professor. No passado, não foi vista a mesma vegetação porque a seca durou menos tempo.

O que é anormal esse ano é a condição de seca extrema, deixando o leito do rio exposto por mais tempo Leandro Sousa, biólogo e professor da UFPA

Por causa da seca, praia está interditada há quase dois meses

Praia da Ponta Negra, em Manaus, interditada pela seca
Praia da Ponta Negra, em Manaus, interditada pela seca Imagem: Prefeitura de Manaus/Divulgação

A Prefeitura de Manaus anunciou, na sexta-feira (1º), o pagamento de auxílio de R$ 3 mil aos permissionários da praia da Ponta Negra, que está interditada para banho desde o dia 17 de setembro, por causa da seca. Ao todo, 28 permissionários vão receber o auxílio.

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À época, o rio estava com cota de 15,77 metros —23 centímetros a menos que o mínimo seguro para banho. Não há previsão para a liberação do local.

A previsão para o esse mês ainda é de de chuvas abaixo da média, afirma Ana Paula Cunha, pesquisadora do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) Secas. "A situação dos últimos dois meses mostra que, apesar da precipitação dentro da média em algumas áreas, a seca persiste e é classificada como de moderada a severa", afirma a pesquisadora.

O período de seca (até 18 meses em alguns municípios) foi prolongado e a recuperação dos níveis hídricos não é imediata. A normalização da disponibilidade hídrica exige tempo para que o solo e os reservatórios se recarreguem.
Ana Paula Cunha

Reportagem

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