Eleição americana: quais candidatos os jornais apoiam e quem ficou neutro?

Os jornais americanos tradicionalmente publicam editoriais de apoio aos candidatos à Presidência dos Estados Unidos. Este ano não foi diferente, mas alguns decidiram se abster publicamente de apoiar Kamala Harris ou Donald Trump.

Kamala x Trump na mídia americana

Kamala tem o apoio do jornal The New York Times e da revista The New Yorker em editoriais. O New York Times intitulou sua posição como "a única escolha patriótica para presidente" e dias depois afirmou que o ex-presidente "mente sem limites e é uma ameaça à democracia". Já para a The New Yorker, Kamala demonstrou "os valores básicos e a habilidade política que a possibilitam encerrar de uma vez por todas a era venenosa" do republicano.

Quem também demonstrou apoio a Kamala foram os jornais Houston Chronicle, The Boston Globe, The Seattle Times, Las Vegas Sun, The Philadelphia Inquirer e San Francisco Chronicle. Todos publicaram editoriais justificando a escolha. Para o Boston Globe, Kamala impulsiona a "esperança, democracia, liberdade e justiça", enquanto Trump "demoniza implacavelmente os imigrantes e as mulheres".

Trump recebeu o apoio dos jornais The Las Vegas Review Journal, New York Post e The Washington Times. O veículo de Las Vegas apresentou um editorial dizendo que Trump foi "vítima de duas tentativas de assassinatos, na Pensilvânia e na Flórida" e sofreu com os exageros do Ministério Público" — além de dizer que Kamala se manteve como uma "uma vice-presidente insípida e impopular".

O Washington Times disse que a democrata "não é uma figura particularmente carismática" e o republicano "felizmente é uma escolha melhor". Já o New York Post disse que Trump é a "escolha clara para um futuro melhor", e que Kamala é uma "figura política pouco qualificada".

The Washington Post, Los Angeles Times, USA Today e The Wall Street Journal não declararam apoio público para nenhum dos dois candidatos e isso causou consequências. Desde 1976, o Washington Post publicava editoriais de apoio a algum candidato, e a postura de não escolher um nome este ano custou a perda de 250 mil assinantes, cerca de 10% da sua carteira, de acordo com o repórter da NPR, David Folkenflik. Já o LA Times perdeu cerca de 2% das assinaturas.

A neutralidade dos veículos

A decisão do The Washington Post foi tomada pelo proprietário bilionário, o fundador da Amazon, Jeff Bezos. Em comunicado, ele disse que "endossos presidenciais (de jornais) não fazem nada para inclinar a balança de uma eleição". "O que eles realmente fazem é criar uma percepção de parcialidade, não independência", afirmou Bezos.

No caso do LA Times, Nika Soon-Shiong, filha do proprietário e bilionário Patrick Soon-Shiong, disse que esteve envolvida na decisão do jornal, que foi motivada pelo apoio contínuo de Kamala a Israel na guerra em Gaza. Já a Gannett, proprietária da maior rede de jornais dos Estados Unidos, disse que nenhuma das suas 200 publicações, incluindo o USA Today, publicarão apoios.

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O Wall Street Journal publicou dois editoriais sobre os candidatos presidenciais e confirmou sua tradição de 92 anos de não endossar nenhum nome. O primeiro recebeu o título de "Uma vitória de Harris significa um quarto mandato de Obama", dizendo que não confiam em como ela lidaria com "momentos perigosos" em relação ao exterior. E o segundo "Quão arriscado é um segundo mandato de Trump?", sugerindo que o candidato "retardaria a marcha coercitiva da esquerda, mas suas políticas provavelmente seriam um fracasso".

Donald Trump disse que os jornais que escolheram não apoiar um candidato presidencial nesta eleição americana acham, na verdade, que Kamala Harris "não é boa". "Você sabe o que eles estão realmente dizendo? Eles historicamente só apoiam democratas. O que eles estão dizendo é que estes democratas não são bons. E eles acham que estou fazendo um ótimo trabalho. Só não querem assumir isso", afirmou no final de outubro, durante um comício de campanha em Rocky Mount, na Carolina do Norte.

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