Padre aponta racismo em abordagem policial e aciona Ouvidoria em SP
Frei David, 70, fundador e diretor-geral da Educafro, alega ter sido alvo de ação policial abusiva no domingo (18) após filmar um homem em situação de rua encurralado por quatro policiais no centro de São Paulo. Ele entrou terça (20) com pedido de investigação alegando com "uso arbitrário e impróprio da força por não apreciarem serem filmados por um cidadão negro".
Documento enviado ao MP, à Ouvidoria das Polícias e à Corregedoria da PM descreve a ação:
- Os PMs notaram a atitude do religioso, não gostaram e passaram abordá-lo;
- O policial ordenou que Frei David colocasse as mãos para trás e passasse seus documentos;
- Os PMs checaram os documentos do sacerdote e perguntaram qual igreja ele pertencia;
- Depois de liberarem o homem, que era branco, os PMs continuaram a abordagem ao padre;
- O religioso alegou que, por ser negro, recebeu o tratamento diferente.
Não há dúvida que teve racismo na abordagem. O interessante, nesse caso, é que é um caso de racismo com um dos líderes da luta racial no Brasil, que dedicou mais de 40 anos à luta antirracista
Márlon Reis, advogado do Frei David
Procurada, a Ouvidoria informou que abriu um "procedimento investigatório por ação indevida e de cunho racial" e que oficializou a Corregedoria da PM para que "tome as providências necessárias, com a preservação das imagens de câmeras e outros elementos de prova necessários". Já a Polícia Militar que as circunstâncias serão apuradas assim que a denúncia for formalizada.
Mais detalhes da abordagem:
- Segundo o documento enviado por Reis, os policiais questionaram porque o religioso fez a gravação, já que o homem abordado antes era branco;
- Frei David teria respondido que ele era seu irmão e os PMs questionaram: "Como seu irmão se ele é branco?";
- O padre afirma que os policiais o encararam, para que ele perdesse o controle emocional e fosse indiciado por desacato;
- Os policiais checaram também o celular de Frei David, para saber se o aparelho era roubado, mas, assim como os documentos, não continha registros;
- Ao receber o celular de volta, Frei David teria dito aos policiais que acionaria a Ouvidoria das Polícias;
- Como resposta, ouviu: "A gente que está errado e os bandidos estão certos?" e "Vai embora, seu petista de m****!".
Além da ilegalidade de impedir o direito legítimo da filmagem, eles realizarem a revista pessoal sem ele ser suspeito de nada. Por revide e intimidação
Márlon Reis, advogado do Frei David
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