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Bebê perde parte do rosto e orelha após ser mordido por cão de babá em SP

Santa Casa de Misericórdia de Santos, em São Paulo - Reprodução/Google Maps
Santa Casa de Misericórdia de Santos, em São Paulo Imagem: Reprodução/Google Maps

Maurício Businari

Colaboração para o UOL

24/01/2023 17h35

Um bebê de um ano e sete meses teve o rosto mordido pelo cão da babá em São Vicente, litoral de São Paulo. Ele foi atacado quando entrava na casa da cuidadora, de 18 anos, e as mordidas do animal arrancaram tecido, músculos e um pedaço da orelha da criança, que permanece internada na Santa Casa de Misericórdia de Santos.

Ao UOL, a mãe do bebê, de 21 anos, contou que o estado de saúde do menino é estável, mas que ainda há muita preocupação dos médicos com a possibilidade de uma infecção por bactérias. Como ele foi mordido no rosto, há risco de que uma infecção possa atingir a meninge, no cérebro.

"Ele está tendo que tomar três antibióticos diferentes por via endovenosa", afirmou a mãe, que estuda para se tornar técnica em enfermagem e trabalha como cuidadora de idosos para ajudar no sustento da criança e pagar o curso. "Estou traumatizada, meu coração também foi despedaçado", declarou.

A jovem é separada do pai da criança e mora na região central de São Vicente com a mãe, a avó e um irmãozinho de 6 anos. A mãe e a avó trabalham o dia todo. A babá, que mora em um bairro próximo, foi a solução encontrada por ela para que o filho pudesse ficar com alguém enquanto ela frequentava as aulas do curso técnico de enfermagem, à noite.

"Já fazia quatro meses que ela cuidava dele e o cachorro nunca demonstrou sinal de agressividade. Pelo contrário. Mas naquele dia, ele deve ter sentido ciúmes dela. E aí atacou".

Na última quarta-feira (18), a mãe do bebê recorda que deixou o filho com a babá por volta das 17h40. Quando estava indo embora, escutou os gritos da babá, que corria atrás dela, com a roupa ensanguentada, dizendo que o cão havia atacado o bebê. "Na hora fiquei cega. Saí correndo, nem sei como consegui tirar meu filho do quintal da casa".

Parando uma ambulância

Com o menino nos braços, a mãe saiu correndo pela rua, gritando por socorro, quando avistou uma ambulância. Ela fez sinal para que parassem e conseguiu convencer o motorista a levar o bebê a um hospital. O mais próximo era o Hospital do Vicentino.

"Lá, o médico queria fazer sutura, mas ele tinha perdido parte do rosto e um pedaço da orelha. Eu insisti que não e chamaram dois especialistas. Eles aconselharam a ir para outro hospital, mas que não podia ser pelo SUS. Foi quando eu decidi pegar um Uber e levar meu filho até a Santa Casa de Santos".

Ela diz que descobriu depois que o hospital de São Vicente poderia ter acionado o sistema Cross (Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde) para que a transferência ocorresse pelo SUS. "Senti que houve má vontade e negligência por parte da equipe do Hospital do Vicentino", declarou.

Em nota, a Sesau (Secretaria da Saúde de São Vicente) informou que, ao chegar à unidade, a criança foi atendida pela pediatra de plantão que, devido à complexidade do caso, solicitou avaliação de um cirurgião bucomaxilar.

"Após exame do especialista, a mãe recusou prosseguir com o atendimento, assinou o relatório médico oficializando sua decisão, e informou que iria para Santa Casa de Santos. Como a responsável não quis dar sequência ao atendimento, não foi solicitada vaga para a criança no sistema Cross".

A Sesau esclarece ainda que está instaurando sindicância para apurar os fatos.

Ao chegar na Santa Casa, o menino deu entrada como atendimento particular e passou por uma cirurgia na orelha e na bochecha. No momento, o estado de saúde do bebê é estável, mas não há previsão de alta médica.

"Ele está internado na enfermaria, em observação. A alta pode demorar até 14 dias", disse a mãe. "Eu pedi para transferirem ele para o SUS, por conta dos custos, mas eles (a direção do hospital) dizem ser impossível".

Em nota, a Santa Casa de Santos informou que, como o menino deu entrada no hospital de forma particular, "a instituição fica impossibilitada de realizar a transferência para o SUS, pois esta ação o colocaria na frente de outros pacientes que estão nas UPAs aguardando transferência para o hospital".

O hospital diz também que o paciente permanece recebendo todo o suporte clínico, em uso de antibioticoterapia e com programação de exames laboratoriais.

Precisando de ajuda

A mãe conta que a cirurgia foi bancada por amigos que emprestaram cartões de crédito. Já os custos do pós-cirúrgico e internação acumulam um valor, até o momento, de R$ 11 mil.

"A cada dia que meu filho permanece internado e recebendo cuidados, esse valor aumenta. Eu fui dispensada do meu trabalho, porque tenho que ficar no hospital com ele. O pai da criança tem me dado suporte em tudo o que pode. Mas necessitamos ajuda, não temos condições de arcar com a dívida", declarou.

Para conseguir juntar recursos, a jovem e a família iniciaram uma campanha nas redes sociais. "Iniciamos uma vaquinha para conseguir terminar o tratamento. Estamos tentando arcar com os custos pedindo doações e também vendendo rifas".