Motorista que matou jovem diz que não assumiria acidente: 'Tenho uma vida'
O estudante de psicologia João Pedro Silva Alves, de 23 anos, suspeito de atropelar e matar Estefany Ferreira Medina, de 20 anos, na saída de uma festa, trocou mensagens com amigos após o acidente pedindo para que eles dissessem que não o conheciam e afirmando que não poderia assumir a responsabilidade porque tem uma "vida e carreira a seguir".
Estefany morreu na manhã de domingo (29) após ser atropelada nas proximidades de uma chácara na área rural entre as cidades de São José do Rio Preto e Cedral, no interior de São Paulo. João Pedro fugiu sem prestar socorro, sendo preso cerca de dez horas depois em sua casa, em Guapiaçu, cidade vizinha de onde aconteceu o acidente. O rapaz teve a prisão preventiva decretada na segunda-feira (30).
Na troca de mensagens entregues à Polícia Civil e anexadas no inquérito que investiga o acidente, um amigo de João Pedro avisa que ele atropelou uma menina.
Na sequência, o estudante pede para o amigo dizer que ele não o conhece.
"Vocês não me conhecem", diz.
As mensagens começaram a ser trocadas cerca de 20 minutos após o atropelamento de Estefany.
O amigo então pede para que João Pedro volte ao local e preste socorro à vítima, mas o estudante diz apenas "vou ver o que faço". E repete para o amigo não dizer que o conhece.
O estudante de psicologia segue conversando com os amigos pelo WhatsApp.
"Eu não posso assumir isso", diz ele, que é repreendido pelo amigo. Mas o rapaz insiste: "Eu tenho uma carreira para seguir. Minha vida para seguir", acrescenta.
No dia da festa, o estudante de psicologia estava acompanhado de três amigos. Segundo relato deles à polícia, como João Pedro havia ingerido muita bebida alcoólica, eles decidiram chamar um carro por aplicativo para voltarem para casa e não pegar carona com o estudante de psicologia.
O advogado Juan Siqueira, que defende o estudante de psicologia, alega que a divulgação da conversa de WhatsApp entre João Pedro e os amigos busca "criar um espetáculo" sobre o caso e que elas não possuem relevância jurídica.
"O diálogo, em verdade, foi vazado dos autos por alguém que está interessado em criar um espetáculo sobre um caso delicado, em que há uma vítima fatal e duas famílias destruídas. Sobre o conteúdo das conversas, estas não possuem nenhuma relevância jurídica, porque João, quando encaminhado para a Delegacia de Polícia Civil, confessou ser o autor do crime, narrou como os fatos ocorreram e deverá ser julgado nos limites de sua culpa. Ainda há uma investigação em curso, que, inclusive, é falha pela conclusão precoce sem a juntada de laudos fundamentais para dizer quais foram as condições que ocorreu o acidente", disse.
Entenda o caso
Estefany Ferreira Medina saía de uma festa pré-carnaval acompanhada de um grupo de amigos, por volta das 7h de domingo (29), quando foi atropelada por um carro desgovernado que passou pela estrada de terra em frente à chácara.
Os amigos da jovem relataram à polícia que o veículo estava em alta velocidade e fazendo manobras perigosas quando teria perdido o controle da direção e avançado em direção a um grupo de jovens, que estava sentado em um barranco aguardando um carro por aplicativo.
Duas amigas de Estefany conseguiram se jogar para o lado, sendo atingidas de raspão pelo carro. Uma delas teve ferimentos leves. Já Estefany foi atropelada e arrastada por cerca de 10 metros pelo veículo.
O Samu (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência) foi chamado, mas a jovem morreu antes da chegada dos socorristas.
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