Mulheres andam sobre brasas em dinâmica de coach: 'crenças reprogramadas'
As mulheres estavam sem nenhuma proteção nos pés. O vídeo com a cena viralizou nesta semana.
A escritora e palestrante Kênia Gama disse ao UOL que a ação do vídeo faz parte do treinamento de liderança e desenvolvimento de habilidades comportamentais desenvolvido por ela e voltado para mulheres empreendedoras.
"Sou forte, corajosa, invencível e imbatível", gritam as mulheres enquanto atravessam uma espécie de tapete com brasas. Muitas delas andam pelas brasas e abraçam as colegas que chegaram ao fim do desafio.
Segundo Kênia, em postagem em seu perfil no Instagram, a atividade é baseada na doutrina da gestalt e nos estudos cognitivos comportamentais e foi "acompanhada por profissionais, e equipe de treinadoras formada por psicólogas, psicanalistas e hipnoterapeutas".
Na versão da coach, diversos treinadores costumam fazer essa atividade e "as mulheres têm resultados sólidos após o treinamento e saem autoconfiantes e resilientes".
O objetivo dentro de todo o escopo de treinamento e na sequência em que ele ocorre, é promover coragem, força, determinação, autoconfiança e outras soft skills [habilidades comportamentais] fundamentais para processos de liderança. As participantes não queimaram o pé, muito pelo contrário, saíram com crenças reprogramadas."
Kênia Gama
"Me orgulho das minhas formações acadêmicas em computação, letras e marketing, e também dos cursos em psicanálise, terapia cognitivo comportamental, hipnose clínica e hipnoterapia, psicologia positiva, e demais áreas de desenvolvimento humano, pois é através disso que transformo vidas", escreveu Kênia nas redes sociais.
Prática milenar
A prática de andar sobre brasas ou pedras quentes é milenar e muito comum, disse ao UOL o dermatologista Victor Bechara, membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) e professor de Cosmiatria e de Doenças Dermatológicas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Porém, o profissional destaca que a medida "não pode ser considerada segura" e é "altamente arriscada". Ele apontou que pacientes com diabetes e doenças que afetam a sensibilidade de extremidades, como os pés, podem ter sequelas ainda mais graves por apresentarem baixa sensibilidade a altas temperaturas.
Sabe-se que andar sobre brasas quentes oferece mais riscos físicos do que propriamente benefícios à saúde psíquica dos pacientes. O maior risco está relacionado ao tempo de contato, a temperatura e a intensidade com o qual o indivíduo pisa nestas brasas."
Victor Bechara
De acordo com o dermatologista, "existem características como espessura da pele dos pés que, de certa forma, protegem". "Porém, isso não é garantido e os pacientes podem ter queimaduras graves."
A prática dessas atividades pode desenvolver queimaduras leves como vermelhidão, lesões mais profundas com bolhas e até o comprometimento mais profundo com úlceras (lesões de terceiro grau), explicou o profissional.
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