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Esvaziar São Sebastião após tragédia é desafio para autoridades

Marcello Veríssimo e Pedro Marques

Colaboração para o UOL em São Sebastião e do UOL em São Paulo

21/02/2023 04h00

Antes de ser atingida pelo maior temporal já registrado no Brasil, a cidade de São Sebastião esperava um movimento de mais de 500 mil pessoas durante o carnaval —número cinco vezes maior que a população da cidade, estimada em 91,6 mil habitantes pelo IBGE em 2021. Os turistas são responsáveis por boa parte do dinheiro que gira na estância balneária.

Liberar as estradas para que possam voltar para casa, porém, é um dos principais desafios depois da tragédia que, até a noite de segunda-feira (20), havia deixado 40 mortos.

A prioridade para os próximos dias, portanto, é restabelecer a ligação das áreas atingidas com a Rio-Santos. "A gente retira a pressão por mantimentos, por água", disse o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na tarde de ontem (20). Sem ter como deixar a região, os visitantes lotam supermercados e congestionam as ruas da região.

Recuperar totalmente a rodovia está fora de questão. O governador de São Paulo disse que trechos da rodovia podem ter desaparecidos por causa das chuvas. Mas abrir faixas para que as pessoas circulem e se voltem para suas casas já é um alívio.

Enquanto a situação não se resolve, o clima de São Sebastião é de alerta. Além do movimento em torno do gabinete de crise instalado no Teatro Municipal, a movimentação é intensa próxima a hospitais e do Fundo Social de Solidariedade, que concentra o recebimento de donativos.

Para quem fica, a situação causa ansiedade. "O que deveria ser uma viagem de descanso durante o Carnaval se transformou num pesadelo e ainda não faço a menor ideia de como será a volta pra São Paulo", disse o empresário Alexandre Zito, de São Paulo.

"O pior é não poder fazer nada e ainda por cima me sentir ilhada, pois as estradas e rodovias estão interditadas", afirmou Viviane Silva, produtora de eventos e esposa de Zito. "Mas saber que dezenas de pessoas morreram e que muitas estão desaparecidas é o que me deixa inconsolável", disse Silva.

A expectativa é de que o movimento se intensifique nesta terça-feira, penúltimo dia do feriado de carnaval, quando a maioria dos turistas retorna para suas cidades.

Veja como ajudar as vítimas do desastre no litoral norte: