Gerente de hotel em São Sebastião acolheu vítimas: 'Cobertas de lama'
No meio da madrugada de domingo (19), o gerente de hotel Renato Spoto ouviu gritos e correu para abrir as portas do hotel onde mora e trabalha, na praia de Camburi, em São Sebastião (SP). "As pessoas chegaram ao saguão chorando, machucadas, cobertas de lama, e puderam tomar um banho no vestiário", conta.
Ele ajudou a socorrer os sobreviventes da chuva que provocou ao menos 40 mortes, deixou centenas de desabrigados e desalojados, afetou o abastecimento de água, serviços de telefonia, derrubou casas, interditou estradas e deixou praias ilhadas.
"Como o prédio fica em uma encosta, não tivemos problemas com enchentes, mas as ruas próximas ficaram com uma altura de 1,60m de água", diz Renato.
Formado em hotelaria há 17 anos, Renato trabalha desde dezembro do ano passado no litoral norte paulista e viu de perto a correria e o desespero dos moradores.
É um cenário devastador. As pessoas perderam tudo o que trabalharam a vida toda para conseguir, como um carro ou uma casa.
Renato Spoto, gerente de hotel
Após o periodo mais crítico da chuva, começou a faltar água potável, comida e sinal de internet ou telefone para que as pessoas possam se comunicar com amigos e familiares.
"Os mercados pequenos fecharam e os de grandes redes varejistas estão com esquema de racionamento. Estão com falta de estoque porque o transporte de mercadorias está interditado pelas rodovias, que ficaram com a passagem bloqueada pelos deslizamentos de terra e pedras, pelos morros", diz Renato, que só tem comida suficiente no hotel até sexta-feira. Frutas e ovos já acabaram.
Helicópteros sobrevoaram São Sebastião nesta segunda-feira (20) com o objetivo de resgatar as pessoas que ficaram isoladas na área próxima aos morros.
A maioria dos que foram abrigados gratuitamente por Renato se deslocaram hoje para locais preparados pela Prefeitura de São Sebastião, como escolas e igrejas.
Tragédia em Araraquara
Nascido em Araraquara, no interior de São Paulo, Renato Spoto viu nos noticiários a situação de calamidade pública que a sua cidade enfrentou por conta das chuvas.
Há cerca de um mês e meio, seis pessoas de uma mesma família morreram após o carro onde estavam cair em uma cratera que se abriu na pista durante uma tempestade. Eles eram conhecidos de Renato.
Para o gerente de hotel, a forma com que os governos agiram com relação a tragédia que aconteceu no litoral norte foi mais ágil que a de Araraquara. "Lá está tudo em obras ainda para consertar o que ficou destruído pelas chuvas de janeiro", disse Renato
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