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'Não tem explicação', diz delegado sobre chacina após derrota em sinuca

Do UOL, em São Paulo

22/02/2023 17h40Atualizada em 22/02/2023 20h22

O delegado responsável pela investigação da chacina que terminou com a morte de sete pessoas na terça-feira em um bar de Sinop (MT) diz não entender o que pode ter motivado o crime. Flagrada por câmeras de segurança, a ação ocorreu após dois homens perderem R$ 4 mil em partidas de sinuca no local.

Na noite desta quarta-feira (22), a polícia diz que um dos dois atiradores (Ezequias Souza Ribeiro, 27) foi morto em troca de tiros com PMs — o outro (Edgar Ricardo de Oliveira, 30) está foragido. Com antecedentes criminais, ambos tiveram mandado de prisão temporária expedido pela Justiça por homicídio qualificado.

Não consigo entender o que levou [os atiradores] a fazer o que fizeram. Matar daquela forma? Não tem explicação. Se quisessem só recuperar o dinheiro, bastava render as pessoas no bar. Pelo que se vê nas filmagens, dá para perceber que os caras são frios demais
Bráulio Junqueira, delegado

Edgar e Ezequias foram identificados com base nas imagens obtidas nas câmeras do circuito interno do bar e nos relatos de dois sobreviventes. O UOL não localizou a defesa deles.

"[Com base nos antecedentes criminais], dá para perceber que eles agem como se fossem valentões. Mas esse crime é um caso bem mais grave e de repercussão. Agora, o objetivo é prendê-los", complementou o delegado responsável pela investigação do caso.

Segundo a investigação, não havia ocorrido nenhum tipo de desentendimento até o momento do crime.

O Edgar perdeu e convidou [uma das vítimas] para jogar sinuca em outro bar. Posteriormente, voltou com o Ezequias para continuar o jogo e já predisposto a cometer o crime"
Bráulio Junqueira, delegado

  • A polícia localizou a caminhonete de Edgar usada no crime.
  • Dentro do veículo, os agentes apreenderam a espingarda usada para atirar nas vítimas.
  • Os investigadores também apreenderam o veículo de Ezequias.
Segundo a polícia, Edgar se apresentava como empresário do ramo da construção civil. Mas as obras na região não chegaram a ser concluídas. Já Ezequias trabalhava como auxiliar de serviços gerais.

Nas redes sociais, Edgar já se posicionou a favor da política armamentista.

"Prefiro ter e não precisar, do que precisar e não ter", postou em julho de 2019, em um texto acima da imagem de uma arma. Em outra publicação, ele divulgou um torneio de sinuca ocorrido há três anos em Sinop -- que fica a 480 km de Cuiabá). Ele tinha registro de CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador) e cadastro em um clube de tiro. Inclusive, costumava postar vídeos nas redes sociais enquanto atirava.
O número de armas nas mãos de civis disparou durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de acordo com levantamento do Instituto Sou da Paz publicado neste mês.

Quem são as vítimas da chacina

  • Getulio Rodrigues Frazão Junior, 36 - ele teria ganhado as partidas de sinuca.
  • Larissa Frazão de Almeida, 12 - filha de Getúlio, foi morta ao ser atingida por um tiro nas costas enquanto tentava fugir.
  • Orisberto Pereira Sousa, 38
  • Adriano Balbinote, 46
  • Josué Ramos Tenório, 48
  • Maciel Bruno de Andrade Costa, 35s
  • Elizeu Santos da Silva, 47