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Território Yanomami recebe força-tarefa para concluir o censo na região

Censo 2022: Recenseador conversa com moradora na Ilha de Paquetá, Rio de Janeiro - Tânia Rêgo/Agência Brasil
Censo 2022: Recenseador conversa com moradora na Ilha de Paquetá, Rio de Janeiro Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

26/02/2023 17h21

Uma força-tarefa com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e outros órgãos foi montada para concluir o censo no Território Yanomami, que passa por uma emergência de saúde pública desde janeiro.

Os ministérios da Justiça, Planejamento e Povos Indígenas são alguns dos que fazem parte do esforço. De acordo com o IBGE, o censo na região onde vivem os indígenas está atrasado.

Estima-se que 50% da população do território Yanomami não foi consultada no Censo Demográfico de 2022
Fernando Damasco, gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, durante reunião sobre o tema no último dia 14

Outros órgãos participam da força-tarefa do censo na Terra Indígena Yanomami:

  • O Exército e a Força Aérea Brasileira apoiam os recenseadores em relação a alojamento e transporte, respectivamente.
  • Durante um mês, dois aviões da Polícia Rodoviária Federal serão cedidos para facilitar os trabalhos.
  • A Força Nacional e a Polícia Federal fazem a escolta dos profissionais envolvidos, já que há invasores armados na região - como os garimpeiros.

No recém-criado Ministério dos Povos Indígenas, a expectativa é que o trabalho seja concluído nos próximos dias.

A soma de esforços vem superando as dificuldades operacionais e logísticas desde o início da coleta
Eloy Terena, secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas

Terra Indígena Yanomâmi sofre com garimpo

Maior do país em extensão territorial, a Terra Indígena Yanomami sofre com o garimpo, que gera contaminação da terra e dos rios por mercúrio e compromete a oferta de alimentos saudáveis. No começo da emergência, a estimativa era de que 20 mil garimpeiros vivessem na região.

Após o começo da iniciativa, o Ibama empreendeu ações para destruir a estrutura do garimpo no território e corredores aéreos foram abertos pela Força Aérea Brasileira para que pessoas envolvidas com a atividade saíssem do local.

Só entre 20 de janeiro e 15 de fevereiro, 3.900 atendimentos de saúde a yanomamis foram realizados pelo Ministério da Saúde. Pelos cálculos do órgão, oito em cada 10 crianças que sofriam com desnutrição grave ganharam peso no período.

Não há dados oficiais sobre quantas mortes ocorreram na terra indígena depois do início da emergência. Entretanto, apenas em um dos hospitais da região, houve registro de dois óbitos de crianças nos 11 primeiros dias de fevereiro.

Em 21 de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou o Território Yanomâmi para ver de perto a situação dos indígenas. À época, ele se impressionou com o que viu:

"Se alguém me contasse que aqui em Roraima tinham pessoas sendo tratadas da forma desumana como o povo yanomami é tratado aqui, eu não acreditaria"