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Facção do RN recruta para atentados adolescentes em dívida com o tráfico

Polícia prende suspeitos de envolvimentos em atentados no Rio Grande do Norte - Secretaria da Segurança Pública do RN
Polícia prende suspeitos de envolvimentos em atentados no Rio Grande do Norte Imagem: Secretaria da Segurança Pública do RN

Do UOL, em Maceió e em São Paulo

22/03/2023 04h00Atualizada em 22/03/2023 04h21

A facção que aterroriza o Rio Grande do Norte há mais de uma semana tem recrutado adolescentes em dívida com o tráfico para participar de atentados, segundo fontes nas forças de segurança.

O que está acontecendo

  • Jovens participam de ataques coordenados pelo Sindicato do Crime para quitar dívidas de drogas.
  • Um adolescente com coquetel molotov confessou à polícia que atuaria em atentados porque devia R$ 13 mil à facção. Em depoimento, contou ter sido interceptado pela polícia antes de agir.
  • Seis adolescentes no total foram apreendidos no estado. A Defensoria Pública atende aos casos dos que não têm recursos para contratar um advogado.

Quem está na mira da facção

  • Há casos de meninos de até dez anos que exercem função de olheiros da facção em pontos de venda de drogas, para avisar se houver aproximação da polícia.
  • Garotos de 13 anos receberam arma da facção para cometer roubos.
  • O "batismo" para integrar o grupo criminoso, no entanto, só acontece aos 18 anos.

O que dizem os especialistas

De um lado, os adolescentes se veem dentro um cenário de poucas oportunidades. De outro, há um grupo que demonstra um poder imediato, que seduz pela oferta de algo que dificilmente esses jovens conseguiriam
Ivenio Hermes, analista do Observatório da Violência da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Há também uma necessidade desses grupos de ter jovens que ainda estão praticamente isentos de punição pela idade que possuem"
Hermes, da UFRN

Em meio à guerra nas ruas, o Sindicato do Crime passou a recrutar os adolescentes. [Se capturados], esses jovens já entram para o pavilhão dos presos ligados ao grupo criminoso. O Sindicato nunca esteve tão forte e organizando tantos ataques como agora
Juliana de Melo, antropóloga da UFRN, para quem a prática começou a ser adotada após o massacre do presídio de Alcaçuz, que deixou 26 mortos em janeiro de 2017

Entenda o caso dos atentados no RN

  • Os ataques começaram no último dia 14 no Rio Grande do Norte. Foram registrados ao menos 103 atos criminosos em todo o estado. Criminosos tentaram incendiar uma base da PM em Natal.
  • Em vídeo obtido pelo UOL, três homens mascarados e com fuzis falam em "guerra contra o Estado" caso as exigências de melhorias no sistema prisional não sejam cumpridas.
  • Prédios públicos, comércios, veículos públicos e privados foram atacados.
  • O Sindicato do Crime foi formado em 2012 por dissidentes do PCC (Primeiro Comando da Capital), organização criminosa que atua dentro e fora dos presídios paulistas.
  • O governo do estado informou que a diminuição dos atos criminosos chegou a 85% no domingo, com a chegada de reforço às forças de segurança.
  • Flávio Dino, ministro da Justiça, anunciou o envio de R$ 100 milhões do governo federal para a segurança pública do Rio Grande do Norte.