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República de Ouro Preto que sofreu golpe crê em falha de segurança de banco

Estudante é suspeito de ter desviado aproximadamente R$ 500 mil de conta de república de Ouro Preto (MG) - Reprodução/Facebook
Estudante é suspeito de ter desviado aproximadamente R$ 500 mil de conta de república de Ouro Preto (MG) Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

29/03/2023 04h00

A Arpop (Associação República Partenon), de Ouro Preto (MG), acredita que uma falha de segurança do Banco Efí pode ter facilitado o golpe supostamente aplicado pelo tesoureiro da república. O estudante nega envolvimento no desvio de quase R$ 500 mil, e o banco nega facilitação.

O que aconteceu

  • A república afirma que áudios sobre o suposto golpe sofrido pela Arpop circularam no WhatsApp antes que a associação fosse notificada pelos advogados do tesoureiro -- o que gerou a suspeita de que funcionários do banco tenham violado o sigilo bancário e as normas da Lei Geral de Proteção de Dados. A república enviou uma notificação extrajudicial ao banco na semana passada, mas ainda não teve retorno.
  • A conta no Efí era a única da república que o tesoureiro podia movimentar sem autorização do presidente. De acordo com a Arpop, essa condição possibilitou "o livre acesso e controle de Ygor Fernandes Araújo para realizar movimentações financeiras, inclusive transferências indevidas para sua conta pessoal".
  • Na notificação extrajudicial em que pede várias informações ao banco, a Arpop solicita cópia do contrato firmado com a instituição financeira e relatórios com os registros de movimentação da conta, entre outros dados.
  • O estatuto da república proíbe movimentação financeira individual das contas --e os estudantes alegam que isso deveria ser monitorado pelo banco

O que se sabe sobre o suposto golpe

  • Araújo, de 25 anos, está sendo investigado pela Polícia Civil de Minas por suspeita de ter desviado aproximadamente R$ 500 mil da república da qual era tesoureiro e onde morava. O valor vinha sendo economizado desde 2005 para compra de uma sede fixa para a Paternon.
  • Um desfalque de mais de R$ 400 mil na conta da Arpop levou um dos moradores a registrar um boletim de ocorrência no últimos dia 4. No documento, ele relata que o dinheiro teria sido desviado por Araújo.
  • Um ex-morador da república diz que emprestou mais de R$ 5 mil a Araújo e afirma ter sido alvo de estelionato. No dia 9, ele registrou o caso na polícia. Segundo a suposta vítima, o tesoureiro pediu dinheiro para pagar dívidas com fornecedores de uma festa promovida pela Arpop no carnaval, mas não pagou o empréstimo.
  • O tesoureiro sacou R$ 2.500 de uma conta da Arpop depois que seus advogados procuraram a entidade para negociar sua dívida. Araújo havia comentado que uma empresa de sua família enfrentava dificuldades, segundo denúncia feita pela Arpop à polícia. Para os estudantes, isso pode ter motivado o golpe.

O que dizem os envolvidos

Houve movimentação de percentual superior ao que o estatuto permite e realização de inúmeras transações suspeitas que qualquer banco bloquearia. O banco Efí chegou a mandar mensagens, mas para a conta de e-mail controlada pelo tesoureiro que estava fazendo os desvios, e não bloqueou as movimentações ou a conta da república."
Alexandre Musa, advogado da Arpop

A Efí esclarece que a conta corrente em questão foi aberta em 2021 e está devidamente regularizada. Toda e qualquer transação foi validada a partir de senha de acesso e assinatura eletrônica, por meio de dispositivo de segurança configurado previamente. A empresa também ressalta que está à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento adicional."
Banco Efí, em mensagem enviada ao UOL

As apurações policiais ainda estão em andamento e somente a sua conclusão poderá trazer algum esclarecimento mais profundo, de modo que qualquer conclusão precipitada ofende a presunção de inocência inerente a todos. O estudante está à inteira disposição da Justiça e da Polícia Civil para contribuir com os esclarecimentos necessários."
Defesa de Araújo, em mensagem enviada ao UOL

Leia a nota completa do Banco Efí

A Efí esclarece que inexistiram falhas de segurança em seus sistemas, sendo inverídica a afirmação de que houve qualquer facilitação de sua parte no referido caso.

Toda a atuação da Efí, ao longo de 15 anos no mercado financeiro, é baseada na ética, transparência e responsabilidade, assegurando processos de autenticação e validação alinhados às melhores práticas de mercado, o que garante a segurança de todos os nossos clientes.

Com relação a conta da ARPOP, todos os acessos e movimentações financeiras foram realizadas através do cadastro do Presidente da Associação, inexistindo qualquer concessão de acesso ao, então, investigado.

Isto porque a guarda e sigilo das credenciais de acesso é de exclusiva responsabilidade do Titular da Conta, ou seja, o Presidente da ARPOP.

Por fim, a Efí esclarece que a NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL foi recepcionada na presente data, e será devidamente respondida aos responsáveis legais da Associação.

A Efí segue à disposição da ARPOP e autoridades competentes para colaborar com a resolução do caso.