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Delegadas de SP são investigadas por suspeita de favorecimento a Brennand

Do UOL, em São Paulo

27/04/2023 14h51Atualizada em 27/04/2023 16h17

Duas delegadas que apuraram denúncias envolvendo Thiago Brennand são investigadas por suspeita de favorecer o empresário. Acusado de estupros, assédio sexual, agressão e ameaça a mulheres, ele foi preso no dia 17 nos Emirados Árabes e será extraditado para o Brasil nos próximos dias.

O que aconteceu

As delegadas Nuris Pegoretti e Maria Aparecida Corsato são investigadas em processos administrativos na Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo. Uma delas responde a uma ação que tramita no TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), mas o nome não foi especificado.

O caso foi revelado hoje pelo jornal O Globo e confirmado pelo UOL com informações da Secretaria da Segurança Pública de SP e pelo TJ-SP. As investigações estão em segredo de Justiça.

São três inquéritos envolvendo as duas delegadas suspeitas de favorecer Brennand. Um deles foi instaurado em Porto Feliz (SP) e era investigado por Pegoretti. Os outros dois eram apurados por Corsato, do 27º Distrito Policial, no Campo Belo, zona sul de São Paulo.

Vítima investigada por calúnia

O primeiro caso ocorreu quando uma atriz pernambucana denunciou Brennand após dizer ter sido mantida em cárcere privado em um imóvel em Porto Feliz (SP) em agosto de 2021. Ela afirmou ter sofrido agressões, ter tido um vídeo íntimo divulgado e ter sido obrigada a tatuar as iniciais do empresário nas costelas.

A denúncia foi arquivada por Pegoretti, que passou a investigar a atriz por calúnia. Segundo O Globo, a delegada encaminhou o relatório acusando a mulher para Pernambuco, onde a vítima fez o primeiro relato da agressão sofrida.

No relatório, para justificar a suposta inocência, a delegada disse que Brennand não tinha antecedentes criminais. Ela também acusou a vítima de calúnia contra outros ex-namorados.

O caso da agressão de Brennand contra a atriz só foi desarquivado em setembro de 2021, após o Fantástico, da TV Globo, exibir o relato da vítima. Dois meses depois, o MP-SP moveu ação para possível crime de corrupção da delegada durante o inquérito.

O UOL ligou para a delegacia de Porto Feliz para ouvir a versão da delegada. Lá, obteve a informação de que ela foi transferida para o 3º Distrito Policial de Sorocaba. A reportagem tentou contato com a delegacia onde ela atua, mas não obteve retorno.

Brennand acusou vítimas por 'difamação'

Os outros dois inquéritos por difamação foram abertos pela delegada Corsato contra mulheres que se dizem vítimas de Brennand. As investigações do 27º Distrito Policial, na capital paulista, se basearam no relato do empresário, que acusou as vítimas de espalhar notícias falsas contra ele.

A Justiça arquivou um dos casos contra as mulheres em maio de 2022, atendendo recomendação do MP-SP.

Consta uma situação totalmente forçada pela suposta vítima [Brennand], o que por si só tornaria a prova imprestável, tentando demonstrar eventual extorsão, sem, contudo, lograr êxito.
Daniela Moysés da Silveira Fávaro, promotora de Justiça

Duas semanas depois, mesmo depois da manifestação do MP, a delegada pediu a reabertura do inquérito. Segundo ela, havia indícios para investigar crimes contra a honra de Brennand.

O advogado Márcio Janjácomo, que foi à delegacia para apresentar boletim de ocorrência de uma das vítimas, disse que Corsato tratava Brennand como "alvo de um grupo de mulheres". Essa mulher relatou ter sido vítima de perseguição e assédio do empresário em uma academia de São Paulo.

O UOL ligou para o distrito policial onde ocorreu o episódio, mas não conseguiu contato com a delegada. Assim que houver uma resposta, será incluída no texto.