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'Vítima não descreveu quem roubou celular', diz polícia sobre atropelamento

Do UOL, em São Paulo

04/05/2023 19h26Atualizada em 04/05/2023 21h25

O motorista que teve o celular furtado no mesmo dia em que Matheus Campos Silva, 21, morreu atropelado não conseguiu descrever o rosto de quem levou o telefone, segundo a polícia. O caso ganhou repercussão após o atropelador gravar um vídeo dizendo "menos um fazendo o 'L'" (símbolo usado pelos eleitores de Lula durante as eleições de 2022).

O que diz a vítima do furto

O motorista de aplicativo que teve o celular furtado disse que estava quase parando quando alguém "entrou com o corpo, puxou o celular e saiu correndo", detalhou o delegado Percival Alcântara. A vítima prestou depoimento hoje no 5º DP (Aclimação). O boletim de ocorrência registra esse caso como furto.

Segundo o motorista, o intervalo entre o furto do celular e o atropelamento foi curto, de "dois a cinco segundos" —o que teria dificultado o reconhecimento. Matheus, suspeito de levar o celular, foi atingido por outro motorista de aplicativo, Christopher Gonçalves Rodrigues, 27.

A testemunha afirmou que a única pessoa que andava entre os carros era a vítima do atropelamento. De acordo com o delegado, o celular foi encontrado próximo ao corpo de Matheus.

O delegado afirmou que as imagens de Christopher debochando de Matheus, ainda vivo e pedindo socorro, são "absurdas". A família diz que recebeu esses vídeos durante o enterro do rapaz.

Para Alcântara, o depoimento do motorista furtado indicou novas testemunhas que devem ser chamadas para depor nos próximos dias, incluindo agentes da Guarda Civil Municipal.

A polícia busca provas para definir se caracterizou homicídio doloso (intencional) ou culposo (acidental). Incitação ao crime e uma possível omissão de socorro também são hipóteses investigadas.

Também estamos analisando as imagens, que são absurdas, e que podem, sim, ter uma responsabilização criminal."

Segundo o depoimento, no momento em que há o atropelamento, uma das testemunhas do carro sai e, junto com o Christopher, tentam parar uma ambulância, que não para porque já estava com um paciente. Depois eles tentam parar uma viatura da GCM e conseguem."
Percival Alcântara, delegado

O que diz a defesa do motorista

Christopher não sabia que Matheus era suspeito de um furto no momento do atropelamento, afirmou o advogado André Nino, que assumiu a defesa na manhã de hoje.

Sobre o deboche de Christopher nas redes sociais, o advogado afirmou que a finalização do inquérito "vai depender muito da interpretação do delegado".

Ele é um rapaz jovem e, tal qual a maioria da população que vive em São Paulo, está cansado de tanta violência. No meu ponto de vista não foi incitação ao crime. [A gravação de publicações para as redes sociais] Foi um desabafo de um rapaz que está cansado de tanta violência. Foi um vídeo infeliz."

Por tudo que eu tive acesso, não demonstra que foi intencional, porque ele só tomou conhecimento do furto após o acidente."
André Nino, advogado de defesa de Christopher