'Trataram como dengue', diz noivo de dentista que morreu de febre maculosa
A dentista Evelyn Karoline Santos, de 28 anos, que morreu vítima da febre maculosa, chegou a procurar atendimento hospitalar duas vezes e teria recebido o diagnóstico de dengue, segundo afirmou o noivo dela, o empresário Marcelo Henrique Borges Pereira, de 33 anos.
O que aconteceu?
O noivo de Evelyn disse que ela começou a ter os primeiros sintomas no dia 3. Com fortes dores de cabeça e no corpo, febre alta, náusea, vômito e diarreia, ela buscou atendimento médico no dia seguinte.
Houve a suspeita de que poderia ser dengue e os médicos teriam colhido o sangue da jovem para realizar o exame. O resultado foi negativo, segundo o noivo. Evelyn foi orientada a voltar para casa e fazer repouso.
Sem melhoras nos sintomas, a jovem buscou um novo atendimento médico no mesmo dia. Dessa vez, um teste rápido para dengue foi feito e mais uma vez deu negativo, afirmou o noivo.
A jovem, segundo o noivo, foi medicada com plasil (para enjoo) e dipirona, e orientada a retornar para casa e repousar.
Trataram como dengue. Tinha o teste rápido e a sorologia comprovando que não era dengue. Eles [médicos] sabiam que não era dengue. Por que deixaram ela ir embora?
Marcelo Henrique Borges Pereira
Dias depois, eles voltaram ao hospital. No dia 7, sem conseguir se levantar da cama, Marcelo acompanhou Evelyn mais uma vez até o hospital. Dessa vez eles buscariam atendimento no Hospital das Clínicas, da Unicamp.
A jovem teria passado mal e convulsionado no carro. Ela chegou à unidade já em estado grave e, segundo o noivo, foi intubada no mesmo dia. Evelyn permaneceu internada e morreu no dia seguinte.
Marcelo afirma que também teve sintomas como dor no corpo e febre dois dias antes de Evelyn ter os primeiros sintomas. Ele se tratou em casa com analgésicos e está bem. Marcelo também fez o teste para febre maculosa, mas, segundo ele, o resultado ainda não saiu.
A dentista morreu no dia 8 de junho. Evelyn morava em Hortolândia, no interior de São Paulo, e esteve no dia 27 de maio na fazenda Santa Margarida, em Campinas (SP), durante a Feijoada do Rosa, evento de luxo com 3,5 mil pessoas e famoso pelo "open food". Ela teve a causa da morte confirmada para febre maculosa e divulgada pelo Instituto Adolfo Lutz, na terça-feira (13).
O que diz o hospital
Em nota, o Hospital Samaritano Hortolândia disse que "lamenta a morte da jovem" e informou que "em razão da proteção de dados de pacientes — que são sensíveis e restrito ao paciente e família — e segurança da informação do funcionamento do Hospital, as informações são somente prestadas às autoridades".
O que é febre maculosa e como é tratada?
A transmissão ocorre por carrapato infectado. O carrapato-estrela, que transmite a febre maculosa, tem como principal hospedeiro a capivara, animal que vive em áreas de banhados e beiras de rios. Para passar a doença aos humanos, é preciso que o carrapato esteja infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da doença. Bois, cavalos e cachorros também podem ser portadores de carrapato-estrela infectado. Não há transmissão de pessoa para pessoa.
Doença pode ser confundida com outras. A doença é tratável com antibióticos específicos, mas os sintomas iniciais se confundem com os de outras doenças, como leptospirose, dengue e até a covid. A pessoa fica dois ou três dias com febre, enquanto a bactéria vai destruindo os vasos sanguíneos, o que causa as lesões na pele. Se não é tratada no início, a mortalidade é alta. No estado de São Paulo, no ano passado, a mortalidade chegou a 75%.
Sintomas avançam rapidamente. Uma vez que a pessoa é infectada, os sintomas surgem de forma repentina e progridem rapidamente, causando febre alta, dores no corpo e o aparecimento de manchas vermelhas, inclusive na palma das mãos e na planta dos pés. Essas manchas crescem e se tornam salientes.
Tratamento depende de diagnóstico ágil. No início, a doença pode ser tratada com antibióticos, o que torna imprescindível o diagnóstico rápido. Como os sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças, a imprecisão no diagnóstico inicial pode gerar complicações graves. Após 4 ou 5 dias, a medicação não surte o efeito esperado.
* Com informações da Agência Estado
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