Com calor de 36,5ºC, paulistanos buscam chafarizes para se refrescarem
A cidade de São Paulo atingiu o recorde de temperatura para setembro neste domingo (24), segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Às 15h, os termômetros marcaram 36,5 ºC. Em meio ao calor, os paulistanos recorreram aos chafarizes e fontes de água da cidade para se refrescarem.
São Paulo acima dos 36 ºC
Banho frio é lazer para a população. A reportagem do UOL esteve no Museu do Ipiranga, no bairro do Ipiranga, zona sul da capital, e presenciou dezenas de crianças, adultos e até cachorros dentro as fontes localizadas no jardim francês. A cada canhão d'água fria que jorrava do chão, os pequenos gritavam aliviados debaixo de um sol escaldante.
Alívio para mãe e filha, que entraram juntas na água. A gestora financeira Vivianne Arques, 47, trouxe a pequena Sophia para tomar banho nas fontes reinauguradas no início deste ano. Vivianne mora em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e preferiu vir ao Museu do Ipiranga por duas razões: porque ela frequenta o local desde pequena, e porque afirma que os parques de sua cidade não oferecem essa opção para as crianças.
"Minha filha toma água, passa protetor solar, que é importantíssimo, e se alimenta também porque brincar assim gasta muita energia".
Vivianne Arques, visitante do Museu do Ipiranga
Pai também entra no banho coletivo? Hoje não. O gestor de manutenção Antônio Nogueira Jr, 39, mora próximo do Independência e veio como de costume ao museu e ao parque com a família. "Hoje a gente está aqui para aproveitar a fonte [de água] por causa do calor mesmo. Mas eu não vou entrar na água, não", riu. Ele já estava abastecido com garrafas de água para hidratar o filho Bernardo, que corria de um lado para o outro para se refrescar com os jatos d'água gelada.
O espaço público é elogiado, mas o privatizado rende críticas. O motorista Fábio César Santana, 43, por sua vez, se espremeu na fonte tomada pelas crianças para brincar com o filho Davi. Ele elogia a reforma que trouxe de volta essa novidade ao Museu do Ipiranga, que é cuidado pela prefeitura, mas critica o atual estado do Parque Ibirapuera, administrado há dois anos pela concessionária Urbia.
"A reforma que teve no Museu do Ipiranga me chamou atenção [positivamente]. Eu visitei o Ibirapuera ontem e, infelizmente está muito degradado. Gosto de ir lá para andar de bicicleta e passear com meus cachorros. Eu vi peixes mortos no lago, um cheiro muito forte."
Fábio César Santana, motorista
Vale do Anhangabaú: quente e vazio como um deserto
O centrão de São Paulo tinha pouca gente nesta tarde. A cerca de 6 km do Museu do Ipiranga, o Vale do Anhangabaú, no centro histórico de São Paulo, estava esvaziado. Uma segurança que trabalha no local se disse surpresa com a falta de visitantes. "Acho que o pessoal foi curtir piscina. Aqui costuma estar cheio [aos domingos]."
População sem-teto movimenta o histórico Vale. As inúmeras fontes de água espalhadas ao longo do calçadão de concreto funcionam como chuveiro improvisado para pessoas em situação de rua. Às 12h em ponto, homens que estavam sentados em bancos nos arredores correram para se banhar, ainda que de camiseta e short, nos jatos de água.
Água no Anhangabaú é por tempo contado. A concessionária Viva o Vale, que assumiu a gestão do espaço após uma reforma milionária e polêmica, liga as fontes três vezes ao dia, por 20 minutos: às 12h, às 15h e às 19h. Mas, três minutos antes de completar o relógio, os jatos se cessaram. Algumas pessoas ali se lamentaram e imediatamente deixaram o local. A empresa também organiza eventos ao longo do dia, que vão de circuito de patins a xadrez, mas não havia muitos interessados no início da tarde.
Visitantes chegam e saem rapidamente de lá. Um grupo de cerca de 20 turistas que fazia um tour pelo centro histórico passou rapidamente pelas águas que emergem do chão do Vale do Anhangabaú. O jornalista Caio Nicolau, 40, fez fotos em frente aos jatos d'água, mas não quis se molhar. Foi a primeira vez que ele viu as fontes de água ativas.
O que preocupa mais: a violência ou o tempo quente? Ele acredita que a sensação de insegurança impede as pessoas de visitarem o centro histórico. Mas outra preocupação é a temperatura acima do normal fora de época.
"Eu acho que o verão vai ser pesado. Penso na população idosa que vai sofrer muito com esse calor, a baixa umidade e o ar poluído. É muito ruim [o tempo quente], eu mesmo passo muito mal.
Caio Nicolau, jornalista