'Ouvi prédio e muro estourando': rachaduras gigantes assustam Gramado
Um bairro da cidade de Gramado (RS) foi evacuado devido ao risco de deslizamento de terra após fortes chuvas atingirem a região na última sexta-feira (17). O local está isolado pela prefeitura desde domingo depois do aparecimento de rachaduras no solo, ruas e calçadas. Um prédio que já estava interditado desabou. Moradores relatam como foi o momento da evacuação.
'Som do prédio e muros estourando'
A professora Jéssica Haack, 32 anos, disse que era possível ouvir barulhos das rachaduras. Ela nasceu e cresceu no bairro dos Três Pinheiros, um dos mais afetados pela chuva e que foi totalmente isolado. Os pais dela seguem vivendo no mesmo local. A Defesa Civil permitiu que os moradores buscassem rapidamente seus pertences.
Busquei os cachorros que ficaram lá [na casa dos pais]. Também pegamos remédios e virei a gaveta de documentos em uma mala de mão. Foi bem desesperador: dava para ouvir o som do prédio e dos muros estourando. Uma sensação de medo e tensão.
Notícia do risco fez a família sair de casa rapidamente. "Quando começou a correr a notícia de evacuação, meu pai deixou tudo e saiu de casa. Fui buscar minha mãe no trabalho e eles ficaram comigo."
O pai dela chegou a ouvir barulhos suspeitos, mas não sabia que poderia ser do prédio e dos muros "rachando", segundo Jéssica.
Ele me contou que ouviu um 'estouro' de quando algo bate em um ferro, mas pensou que era algum carro na rua. Minha mãe viu um pedaço de concreto, mas não imaginava que era o muro se desfazendo.
Mais de 20 anos atrás, família passou por susto semelhante. A casa fica localizada em frente ao muro de contenção de um morro no bairro —área com risco de deslizamento de terra. Em 2002, eles passaram praticamente pela mesma situação.
É como reviver um trauma. Naquela época, tinha uns 11 anos e minha casa foi atingida pelo deslizamento. Foi um pesadelo e agora voltou, estou relembrando tudo que passamos. A diferença é que, em 2002, ficamos praticamente soterrados. Todo aquele medo voltou.
Ainda não há previsão de liberação das famílias para retornarem às suas residências, informou a Prefeitura.
'Salve-se quem puder'
O porteiro José Ramildo da silva, 47, conta que rachaduras surpreenderam. Ele estava em casa no domingo, no bairro dos Três Pinheiros, quando uma forte chuva começou.
Moro há 7 anos aqui e nunca vi isso. Tem rachaduras e crateras nas ruas e rodovias. Foi bem impactante e ficamos com muito medo porque foi tudo 'de repente'.
Ele conta que o prédio que desabou estava "estralando" e havia risco de afetar outras partes do bairro. De acordo com ele, a Prefeitura de Gramado e a Defesa Civil agiram rapidamente.
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Quero receberJosé foi abrigado com a esposa e os dois filhos no ginásio da Escola Senador Salgado Filho, enquanto os bairros seguem interditados. Depois, mudou para a casa da irmã que também mora na cidade.
Na segunda, fomos liberados para pegar alguns móveis que estavam na minha casa, mas quarta voltou a chover forte e a Defesa Civil fechou tudo. É bem aquela frase: salve-se quem puder. Temos nossas coisas materiais, mas pelo menos estamos bem e com saúde.
De acordo com a prefeitura, a administração trabalha com a Defesa Civil e todas as suas secretarias para auxiliar a população. Corpo de Bombeiros, Brigada Militar e Polícia Civil atuam em conjunto.
Para emergência, os moradores podem ligar para Corpo de Bombeiros (54) 98434-8064 ou Defesa Civil (54) 99629-6160.
Estado de calamidade
A prefeitura de Gramado, no Rio Grande do Sul, decretou Estado de Calamidade Pública devido às chuvas. O prefeito Nestor Tissot (Progressistas) disse que a cidade foi gravemente afetada pelos eventos climáticos, que se iniciaram no dia 17 de novembro. O decreto foi publicado na quinta (23) no Diário Oficial do município.
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