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Cratera de mina em Maceió pode criar 'Chernobyl brasileiro', diz geólogo

O iminente colapso de uma mina de sal-gema da Braskem pode criar uma espécie de "Chernobyl brasileiro", por conta da desocupação de uma parte da cidade de Maceió. A análise é do geólogo e professor da USP Pedro Luiz Cortês, em entrevista ao UOL News desta sexta (1º).

Dificilmente essas áreas poderão ser ocupadas. Talvez em algumas delas, após um monitoramento de vários anos, possa se constatar alguma estabilidade e poderão ser reocupadas, mas não vejo um futuro muito bom para essa área no sentido de reocupação e reurbanização. Teremos ali uma espécie de 'Chernobyl brasileiro'. Ou seja: uma cidade que ficou desocupada por força de uma tragédia e pela dificuldade de se restabelecer a normalidade nessa área afetada. Pedro Luiz Cortês, geólogo e professor da USP

Em alerta máximo, a Defesa Civil de Alagoas estima que a cratera que pode ser aberta pelo colapso da mina pode ter cerca de 300 metros de diâmetro. Foi determinada a evacuação dos arredores e há a recomendação para a população não transitar pela região desocupada.

Cortês classifica o caso como uma "tragédia anunciada", já que houve diversos alertas desde a década de 1970 sobre as consequências da exploração da mina naquela área. Para o geólogo, além da Braskem, o estado também tem parcela de culpa pelo desastre.

É um escândalo histórico. Desde a implantação desse empreendimento, na década de 1970, o órgão ambiental do estado já recomendava a não aprovação da licença de mineração. O empreendimento foi iniciado por decisão de ofício do governador da época. As análises e os protestos vêm ocorrendo ao longo das décadas, mostrando o grande perigo que era esta exploração em uma área com processo de urbanização crescente.

Nada impediu que o empreendimento continuasse. Agora, temos essa tragédia anunciada. Não é algo que tenha ocorrido repentinamente. Estamos diante de uma dificuldade imensa pela remoção compulsória de milhares de pessoas e como indenizá-las. Espanta a divisão entre prefeitura e governo do estado, que sequer conseguem coordenar um gabinete de crise unificado. Pedro Luiz Cortês, geólogo e professor da USP

Maceió: Braskem tem responsabilidade total pelo desastre, diz ministro

O ministro dos Transportes Renan Filho atribuiu à Braskem a "total responsabilidade" pelo desastre em Maceió, com o iminente colapso de uma mina de sal-gema. Ele compara o caso na capital alagoana à tragédia em Brumadinho e em Mariana, quando o rompimento de uma barragem da mineradora Vale causou 270 mortes em 2019.

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A responsabilidade da Braskem é total. No Brasil, a legislação ambiental impõe o crime a quem o pratica. Quem praticou esse desastre ambiental foi a Braskem. Ela própria diz, em reiteradas manifestações, que já investiu R$ 15 bilhões em indenizações e tentativas de estabilização. Antes da investigação, eles negaram, tentaram colocar a responsabilidade em outras empresas e disseram que não eram com eles. Mas não teve como; tecnicamente ficou claro. Renan Filho, ministro dos Transportes

Tales: Lobby da Braskem atrasa instalação de CPI no Senado

A demora na instalação de uma CPI para investigar a atuação da Braskem, responsável pela exploração de sal-gema em Maceió e com uma das minhas em colapso iminente, deve-se ao lobby feito pela companhia no Senado. A avaliação é do colunista Tales Faria

O lobby da Braskem está atrasando a instalação da CPI no Senado. O requerimento foi apresentado pelo senador Renan Calheiros e aprovado em meados de outubro, mas até o momento os partidos não indicaram quem serão os integrantes da comissão. Sem essas indicações, não há CPI, exceto se o presidente Rodrigo Pacheco escolher os nomes e enfrentar os líderes, o que não é o jeito dele. Tales Faria, colunista do UOL

Defesa Civil de Maceió divulgou atualização do mapa de risco do afundamento dos bairros
Defesa Civil de Maceió divulgou atualização do mapa de risco do afundamento dos bairros Imagem: Divulgação/Defesa Civil de Maceió
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