Chefe de milícia é levado para cadeia de segurança máxima e está isolado
Do UOL, em São Paulo
25/12/2023 09h03Atualizada em 25/12/2023 14h19
Após ser entregar e ser preso pela PF, Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, miliciano mais procurado do estado do Rio de Janeiro, foi transferido para um presídio de segurança máxima do estado e está em uma cela isolada.
O que aconteceu
Zinho foi encaminhado para o Complexo Penitenciário de Gericinó. Antes disso, ele deu entrada na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, durante a tarde do domingo (24).
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No Complexo de Gericinó, Zinho está em uma unidade de segurança máxima e em cela isolada. Ele está na Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino, conhecida como Bangu 1.
Zinho é o líder da maior milícia com atuação na zona oeste do Rio. Ele estava estava foragido desde 2018 e tem ao menos 12 mandados de prisão.
Zinho se apresentou na Delegacia de Repressão a Drogas (DRE/PF/RJ) e do Grupo de Investigações Sensíveis e Facções Criminosas da Polícia Federal (GISE/PF). O UOL recebeu a informação de que a prisão foi formalizada após "tratativas entre os defensores do miliciano foragido com a PF e a Secretaria de Segurança Pública do estado".
O que disseram as autoridades
Ministro da Justiça e Segurança Pública disse que a prisão de Zinho é "um importante resultado". Flávio Dino destacou as ações que têm sido realizadas no Rio de Janeiro "no combate às facções criminosas".
Secretário-executivo do Ministério da Justiça comentou prisão na noite do domingo (24). "Parabéns à Polícia Federal! É trabalho, trabalho e trabalho", escreveu Ricardo Cappelli no X (antigo Twitter).
Governador do Rio de Janeiro disse que a prisão é "vitória da sociedade". "Essa é mais que uma vitória das polícias e do plano de segurança, mas da sociedade. A desarticulação desses grupos criminosos com prisões, apreensões e bloqueio financeiro e a detenção desse mafioso provam que estamos no caminho certo", disse governador Cláudio Castro (PL).
Os defensores de Zinho não foram encontrados para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.
Quem é Zinho?
O comando da maior milícia do Rio passou para as mãos de Zinho após morte de seu irmão Wellington da Silva Braga, o Ecko. O miliciano foi baleado em uma operação policial em junho de 2021 — desde então, Zinho trava uma sangrenta disputa com outros grupos paramilitares, que tentam controlar a organização criminosa. Antes, ele era apontado como o responsável por gerenciar as finanças do grupo, segundo a Polícia Civil.
As investigações apontam que Zinho era hábil com as contas. Antes de ascender à chefia do grupo, era ele quem contabilizava e lavava o dinheiro originado por atividades ilícitas, incluindo a venda clandestina de sinais de TV a cabo, de gás e de licenças para serviços de transporte.
Zinho tem vários mandados de prisão em aberto. Ele já era procurado pelos crimes de organização criminosa, porte ilegal de arma e associação criminosa.
Em setembro, Zinho foi um dos denunciados pelo Ministério Público pela morte do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e de um amigo dele. Jerominho teria sido morto após tentar retomar o comando da milícia, que foi fundada por ele. O grupo tem influência em 812 das 833 áreas listadas pela Polícia Civil com a presença de milícias.
Em outubro, a advogada de Zinho, Leonella Vieira, negou as acusações contra ele. Segundo ela, Zinho é vítima de "deduções" do Ministério Público, oriundas do parentesco dele com o ex-chefe da milícia, Ecko.
Sobrinho de Zinho foi morto no fim de outubro. Matheus da Silva Rezende, o Faustão, era número dois da organização (conhecida como "Família Braga" ou "Bonde do Zinho"), e morreu durante troca de tiros com a Polícia Civil em Santa Cruz, também no Rio. Rui Paulo Gonçalves Estevão, mais conhecido no mundo do crime como Profeta ou Pipito, ocupou o lugar de Faustão dentro da milícia. Ao menos 35 ônibus e um trem foram incendiados em represália à morte de Faustão.