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Ex-vereador Jerominho morre após ser baleado com tiros de fuzil no Rio

Taís Vilela/UOL
Imagem: Taís Vilela/UOL

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

04/08/2022 17h24Atualizada em 04/08/2022 18h55

O ex-vereador do Rio de Janeiro Jerônimo Guimarães Filho, conhecido como Jerominho, morreu na tarde de hoje após ser baleado na estrada Guandu do Sapê, em Campo Grande, na zona oeste da cidade, segundo informou a Polícia Militar. A Polícia Civil disse que ele foi atingido por dois tiros de fuzil, no abdome e na perna.

Jerominho chegou a ser socorrido com vida por volta das 16h, mas morreu no Hospital Oeste D'Or. No atentado, uma segunda pessoa —que não teve a identidade revelada— ficou ferida e foi socorrida em estado grave. O ex-vereador é apontado pela polícia como um dos fundadores da Liga da Justiça, antiga milícia instalada no RJ e responsável pela prática de homicídios e cobrança de taxas de segurança de comerciantes e moradores da zona oeste.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o ex-vereador caído no asfalto logo após o atentado, enquanto um homem tenta prestar socorro a ele. Três homens encapuzados desceram de um automóvel próximo de Jerominho, que também desembarcava de um veículo, e atiraram contra ele. O segundo baleado acompanhava o ex-vereador. O assassinato será investigado pela DH (Delegacia de Homicídios da Capital).

Ele chegou a ser preso no fim de janeiro, mas foi solto uma semana depois. Na ocasião, havia contra ele um mandado de prisão por extorsão majorada com emprego de arma contra motoristas de vans que atuavam em Campo Grande. O crime ocorreu em 2005.

Esse não foi o único período em que Jerominho esteve atrás das grades. O ex-parlamentar já havia sido preso em 2007 e cumpriu 11 anos de prisão em decorrência de outros crimes. Em 2008, o nome dele apareceu na lista de 227 indiciados na CPI das Milícias. Ele acabou solto em 2018.

Jerominho foi vereador no Rio de Janeiro por dois mandatos, entre 2001 e 2008, sempre eleito com grandes votações. No mesmo período, conseguiu viabilizar a eleição do irmão Natalino Guimarães como deputado estadual em 2006.

Jerominho e Natalino foram presos pela Draco (Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas) em 2007, sob a acusação de formação de quadrilha. Mesmo da cadeia, Jerominho foi capaz de eleger a filha Carmen Gloria Guinancio Guimaraes Teixeira, a Carminha Jerominho, vereadora em 2009. Contudo, ela pouco exerceu o mandato, pois foi presa em 2009 por participação no grupo paramilitar.

Tentativa de retorno à política

Com a prisão de Jerominho e de seus parentes, o poder político do grupo entrou em declínio. Carminha Jerominho tentou sem sucesso se reeleger vereadora em 2012.

Já solto, Jerominho se filiou ao PMB (Partido da Mulher Brasileira) e chegou a afirmar em entrevistas a intenção de se candidatar a prefeito do Rio de Janeiro em 2020.

Com o risco de ter a candidatura barrada pela Justiça Eleitoral, ele se contentou em indicar a sobrinha Jéssica Rabello Guimarães como candidata a vice-prefeita na chapa encabeçada por Suêd Haidar, presidente do PMB. Filha de seu irmão, ela concorreu nas urnas como Jéssica Natalino.

No mesmo pleito, Carminha Jerominho novamente fracassou ao tentar se eleger vereadora.

Milícia mudou de nome

Após as prisões de Jerominho e Natalino, diversos criminosos assumiram o controle da Liga da Justiça. A milícia mudou de nome em 2014, quando Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, foi alçado ao comando do grupo. Ex-traficante, Três Pontes foi morto pela Polícia Civil em 2017.

Ele foi sucedido no comando do grupo por seu irmão Wellington da Silva Braga, o Ecko, que comandou uma agressiva política de expansão da quadrilha para a Baixada Fluminense. Assim como o irmão, Ecko também foi morto pela Polícia Civil, em junho de 2021.