Ataque a ônibus no Rio: quem era Faustão, miliciano morto em ação policial

Ao menos 35 ônibus e um trem foram incendiados hoje no Rio após a morte do miliciano Matheus da Silva Rezende, conhecido como "Faustão", Teteu" ou "senhor da guerra", durante uma ação da Polícia Civil na comunidade Três Pontes, zona oeste da cidade.

Quem era Fausto

Matheus era sobrinho de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, chefe da maior milícia da zona oeste do Rio, conhecida como "Bonde do Z" ou "Família Braga". Zinho herdou o comando da organização após a morte do seu irmão, o Wellington da Silva Braga, o Ecko, em 2021.

Ele era considerado o número dois da organização criminosa — homem de confiança de Zinho, responsável pela guerra de facções e pela união entre tráfico e milícias na região.

Matheus tinha um cargo de liderança na organização e praticava crimes como extorsão, receptação, corrupção ativa e homicídios. "Há quem diga que ele estava sendo preparado para ser o sucessor do Zinho", disse o governador Cláudio Castro (PL), que parabenizou a ação da Polícia durante uma entrevista coletiva.

Matheus e outros cinco foram denunciados em setembro deste ano pela morte do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e de seu amigo Maurício Raul Atallah, em agosto de 2022, em Campo Grande, na zona oeste.

Matheus, Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, foi um dos atiradores no assassinato. O motivo do crime foi a descoberta, por parte de Zinho, de um plano para que Jerominho e seu irmão Natalino José Guimarães, retomassem a liderança da organização criminosa na zona oeste.

Jerominho, foi vereador do Rio de Janeiro entre os anos de 2000 e 2008 e fundador da milícia privada conhecida como Liga da Justiça, organização criminosa responsável pela prática de homicídios e extorsões, em razão da cobrança de taxas de segurança a comerciantes e moradores da zona oeste, principalmente no bairro Campo Grande, segundo a denúncia do MPRJ.

Após perder sua liderança na milícia que ajudou a criar, em razão do longo período em que esteve preso (entre 2007 e 2018), ao ter a liberdade restabelecida, traçou um plano para retomar o controle da organização criminosa que era líder, juntamente com seu irmão Natalino. Na época do crime, a "Liga da Justiça" era comandada pela chamada "Tropa do Zinho" ou "Tropa do Zorro".

Plano de contingência

O governador do Rio afirmou nesta segunda que todo o contingente das polícias Civil e Militar está nas ruas para "garantir" que a ordem seja reestabelecida.

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Castro disse que a polícia busca prender os maiores líderes das facções criminosas. "É nosso compromisso, e eu já tenho dito. Prender, principalmente, os três maiores líderes do tráfico e da milícia do Rio de Janeiro". Ele ressaltou que um plano de contingência já está ativo desde os primeiros ônibus incendiados.

Todo o contingente da Polícia Militar e da Polícia Civil está nas ruas garantindo que a ordem seja reestabelecida e que a vida da população volte ao normal. Queria lamentar o ocorrido no dia de hoje e os transtornos, mas queria garantir que nós não arrefeceremos em nada na luta contra a criminalidade
Cláudio Castro, governador do Rio

Castro também disse que ligou para o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), e para o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB): "Para que nós possamos juntos garantir a população do Rio de Janeiro que o crime organizado terá em nós uma fronteira firme, entre a lei, a ordem e o que eles querem fazer no estado". Ele afirmou que não tem dúvida de que a terça-feira (24) será um dia "com mais ordem".

Escolas afetadas

45 escolas localizadas nos bairros de Santa Cruz, Paciência, Cosmos e Guaratiba foram afetadas.

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"Em 17 destas unidades escolares, alunos e profissionais não puderam ser liberados imediatamente, seguindo o protocolo de segurança, o qual foi ativado pela Secretaria. As escolas estão sendo evacuadas na medida do possível. Ao todo, 17.251 alunos foram afetados", diz a nota da Secretaria Municipal de Educação.

Um menino de dez anos foi atingido por uma bala perdida dentro de casa na tarde de hoje, em Paciência, durante a operação policial em Três Pontes que terminou com a morte do miliciano. Baelada de raspão no joelho, a criança foi socorrida e já recebeu alta hospitalar.

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