Quem é Pipito, substituto de Faustão em disputa por poder de milícia do RJ

Rui Paulo Gonçalves Estevão, mais conhecido no mundo do crime como Profeta ou Pipito, deve ocupar o posto deixado por Matheus da Silva Rezende, o Faustão, como número dois da maior organização miliciana do estado do Rio de Janeiro. É a "Família Braga" ou "Bonde do Zinho", atualmente chefiada pelo foragido Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, segundo a Polícia Civil.

A página Procurados do Disque Denúncia chegou a postar um cartaz com uma foto do miliciano e formas das pessoas denunciarem seu paradeiro.

Pipito é suspeito de ter coordenado os ataques aos 35 ônibus na zona oeste do Rio. A ação seria uma retaliação à morte de Faustão, ocorrida na segunda-feira (23) durante uma suposta troca de tiros com a Polícia Civil, durante uma operação na região de Três Pontes, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio.

A polícia trabalha com a hipótese de que a ordem dos ataques tenha partido dele, segundo o jornal O São Gonçalo.

Quem é Pipito

Aos 32 anos, Pipito já foi um dos homens de confiança de Wellington da Silva Braga, o Ecko, tio de Faustão e irmão de Zinho, líder da milícia conhecida como "Bonde do Ecko". Ele chegou a ser preso em 2018 com duas pistolas em casa, mas acabou solto em 2020 por uma decisão judicial que permitiu sua saída temporária.

Em nota, A Seap (Secretaria de Administração Penitenciária) do Rio de Janeiro informou que, por decisão da Justiça, em razão da pandemia (Resolução 62 do CNJ), Rui Paulo Gonçalves Estevão foi posto em liberdade no dia 8 de agosto de 2020, para VPL (Visita Periódica ao Lar), sem prazo de retorno definido. Segundo a pasta, o eventual retorno dele depende de nova decisão judicial e, portanto, não é considerado foragido do sistema penitenciário.

Até terça-feira, o miliciano tinha três mandados de prisão em aberto, pendentes de cumprimento, segundo informações do portal do BNMP (Banco Nacional de Monitoramento de Prisões), do Conselho Nacional de Justiça. Hoje os três foram retirados do site.

O primeiro, com data de 16 de agosto, expedido pela Central de Processamento Criminal do Rio de Janeiro, exigia a sua "recaptura" com base no artigo 2° da lei 12850, de 2013, que trata exclusivamente do crime organizado.

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O segundo, com data de 17 de outubro, pedia sua prisão preventiva, e foi expedido pela 2a Vara Criminal do Rio, com base nos artigos 29, 69, 121 e 211 do Código Penal. Os dois últimos artigos tratam de penalidades impostas aos atos de homicídio e ocultação de cadáver.

O terceiro e último mandado de prisão, expedido em 24 de outubro pela Vara de Execuções Penais da capital carioca, pedia a prisão "definitiva" de Pipito, citando o artigo 2° da lei 12850 (organização criminosa); e artigo 16 da lei 10826 (registro, posse e comercialização de armas de fogo).

Disputas internas

Pipito alcança o poder na "Família Braga" num momento de muitas disputas internas na milícia, desde a morte de Ecko, em 2021. Um ano antes, Danilo Dias Lima, o Tandera, considerado seu braço direito, criava seu próprio "bonde" e começou a disputar o comando das operações na zona oeste do Rio, mesmo com um acordo de "não-agressão" entre eles.

Em agosto do ano passado, a Polícia Federal, em ação conjunta com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do Ministério Público do Rio de Janeiro, deflagrou a operação Dinastia , cujo objetivo foi desarticular a "Família Braga". Foram cumpridos 23 mandados de prisão temporária e 16 mandados de busca e apreensão, com foco nos líderes do grupo.

Segundo a denúncia da operação, Pipito era tratado como chefe da milícia na comunidade de Antares, em Santa Cruz. A região, antes dominada pelo CV (Comando Vermelho), é considerada estratégica pela milícia que continuou a lucrar com o tráfico de drogas na região.

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Em 20 de outubro de 2022 o MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) denunciou 23 suspeitos de integrar o grupo paramilitar, entre eles, Pipito, Faustão e o próprio Zinho.

Mensagens interceptadas pela Polícia Federal e o Ministério Público indicaram que milicianos da quadrilha de Zinho, segundo publicou o jornal O São Gonçalo, e monitoravam operações policiais e informações sobre milicianos rivais. Conversas interceptadas incluem diálogos entre Pipito e outro miliciano chamado Flex. Em uma delas, ele pede auxílio para elaborar a escala das "guarnições" da milícia, responsáveis pelo patrulhamento da região de Antares.

O UOL procurou a Polícia Civil do Rio de Janeiro para buscar mais informações sobre Pipito, mas, até o momento, o órgão não havia respondido aos questionamentos.

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