Conteúdo publicado há 4 meses

PE: Preso homem que agrediu mulher em banheiro por achar que ela era trans

A Polícia Civil de Pernambuco prendeu hoje o homem que agrediu uma mulher no banheiro de um restaurante no Recife por achar que ela fosse uma mulher transsexual. A reportagem tenta contato com a defesa dele.

O que aconteceu

O agressor foi identificado por uma ex-companheira como sendo Antônio Fellipe Rodrigues Salmento de Sá. A prisão foi confirmada pela Polícia Civil. Estava previsto que ele prestasse depoimento nesta quinta (28).

A prisão foi preventiva (por tempo indeterminado), conforme apurou o UOL. O histórico de violências, inclusive contra ex-companheiras, está sendo investigado pelas autoridades. Três ex-mulheres de Antônio Felipe relataram ter sido agredidas pelo homem — uma delas disse que ele teria atirado contra ela.

A Polícia Civil afirmou que repassará mais informações amanhã (30). Os detalhes da detenção e apuração do caso serão divulgados em coletiva de imprensa.

Advogados de defesa negam histórico de violência doméstica e contra pessoas LGBTQIA+. "[Nosso cliente] não responde a nenhum processo envolvendo violência sob o contexto doméstico e familiar, bem como não detém qualquer histórico de agressões ou discriminação com qualquer pessoa LGBTQIAPN+", diz nota assinada por Madson Aquino e Marília Franco.

Antes da prisão, os advogados preferiram não comentar a agressão no restaurante. "A defesa se resguardará a prestar esclarecimentos específicos oportunamente após ter acesso aos autos de investigação", informaram. "Todos os fatos serão esclarecidos perante a Autoridade Policial."

Advogado da vítima diz confiar nas autoridades

O mandado de prisão tem todos os fundamentos plausíveis, diz a advogada da vítima. Juliana Serretti, que representa a mulher agredida (que prefere não se identificar), afirmou que vai "continuar atuando para assegurar que os direitos da vítima sejam resguardados".

Serretti é advogada assessora da presidência da Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da Alepe (Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco).

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A gente confia no trabalho das autoridades que têm sido muito diligentes até então.
Juliana Serretti, advogada da vítima

Como foi a agressão

Mulher do agressor disse ao marido que uma "mulher trans" usava o banheiro. O homem, então, levantou da mesa que estava com a esposa e um primo e ficou esperando na porta do banheiro do restaurante Guaiamum Gigante. O caso ocorreu no sábado (23).

Ele perguntou à vítima se ela era homem ou mulher. Quando a vítima questionou o motivo da pergunta, o homem respondeu que ela estava no "banheiro errado" e desferiu um soco no rosto da mulher, contou o publicitário e amigo dela, Hilário Júnior, ao UOL. O soco foi tão forte que quebrou os óculos da vítima.

Vídeos registraram a confusão. As imagens mostram o suspeito sendo contido por clientes e funcionários do restaurante após a vítima gritar (veja acima).

Ao descobrirem que ela não era uma mulher trans, funcionários do restaurante tentaram apaziguar. Para o amigo, "não queriam que o movimento fosse prejudicado na antevéspera do Natal".

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Segundo a polícia, Antônio Fellipe Rodrigues Salmento de Sá foi identificado por uma ex-mulher
Segundo a polícia, Antônio Fellipe Rodrigues Salmento de Sá foi identificado por uma ex-mulher Imagem: Reprodução

Homem fugiu com a esposa. Antônio Felipe deixou o local, sem aguardar a Polícia Militar, após ser retirado do estabelecimento pelos próprios seguranças, segundo o amigo da vítima.

O restaurante nega que seguranças protegeram agressor. Em nota, o estabelecimento alega que "cuidou em promover a imediata retirada do agressor do ambiente, de modo a resguardar a integridade física e psicológica da pessoa agredida e demais clientes".

Preconceito contra LGBTQIA+ é crime

Em 2019, o STF decidiu que homofobia e transfobia devem ser punidas pela Lei de Racismo. A pena varia de um a três anos além de multa, podendo chegar a cinco anos se houver divulgação em meios de comunicação.

Para denunciar casos de homofobia no Brasil, disque 100. Ao presenciar agressão contra mulheres, ligue 190.

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Também é possível denunciar pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher. O Disque 100 apura violações aos direitos humanos.

Casos de violência doméstica costumam ser praticados por parceiros ou ex-companheiros. A Lei Maria da Penha, porém, pode ser aplicada a agressões cometidas por outros familiares.

O Brasil foi país que mais matou transsexuais em 2022. Foram 131 mortes em um ano, segundo a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais).

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

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Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

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