Delegado: Chamada de vídeo e encontro em local público evitam golpe do amor
O delegado da Divisão Antissequestro de São Paulo, Fábio Nelson Fernandes, recomendou no UOL News da manhã desta terça-feira (9) que as pessoas que usam aplicativos de relacionamento tomem cuidado e observem como a pessoa age e o local que ela quer se encontrar.
Em 2023, dos 51 casos de sequestro na maior cidade do país, 49 ocorreram por meio de aplicativos de namoro. Todos eles ocorreram com homens. Essa modalidade de sequestro, hoje, é predominante e equivale a 96% dos casos.
Na maioria das vezes o app usado é o Tinder, mas também há registros de sequestro via Inner Circle e Happn.
Os criminosos, utilizando de aplicativos de relacionamento afetivo, convidam as vítimas para o próprio sequestro, as enganando [...] A precaução que nós temos é, por exemplo, fazer uma chamada de vídeo. Por quê? Nessas organizações, temos mulheres que participam do cometimento desses crimes, para enganar as vítimas.
O sujeito acha que está falando com uma mulher, ouve a voz de uma mulher, mas, por trás daquele perfil, temos uma organização criminosa que está enganando aquela pessoa para ir até determinado ponto, seja sequestrada, levada até um local seguro pela organização, onde eles vão fazer uma série de movimentações financeiras.
Temos uma fotografia e uma série de fotografias associadas a um perfil falso. Se a gente observar se, por exemplo, aquelas fotografias apontam uma condição financeira que não se coagula com o bairro que a pessoa está querendo se encontrar. A gente tem que observar que as coisas não estão batendo. A gente solicita que as pessoas observem.
Temos solicitado encontros em locais públicos. Vai iniciar um encontro e daí a organização finge que furou o pneu, dá um problema e fala para buscar em casa. Não vai. Vá se encontrar, de fato, em locais públicos.
Crime e constrangimento
A porcentagem mostra que o perfil dos sequestros em São Paulo mudou com o passar dos anos.
A criação do PIX, a facilidade de acessar contas bancárias por aplicativos e a popularização dos apps de relacionamento alteraram o modus operandi das quadrilhas.
Desta forma, a vítima é levada para um cativeiro, mas é libertada dias depois, quando não há mais dinheiro para tirar dela. Os criminosos não exigem resgate.
"[Em sequestros via app de namoro] O criminoso pode preparar a armadilha; ele controla tudo. Não é como ter de entrar em contato com a família e pedir dinheiro para libertar. É mais fácil", explica Guaracy Mingardi, analista criminal e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Exatamente por isso, Guaracy acredita que os números devam ser ainda maiores.
"Nem todo mundo presta queixa porque a pessoa fica com vergonha, acha que vai passar por trouxa. Se no caso do roubo simples a subnotificação é de 40%, imagina num golpe desses", pondera.
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