Bolsonarista é condenado por matar duas pessoas após vitória de Lula
A Justiça do Paraná condenou Erick Hiromi Dias a mais de 50 anos de prisão por atirar contra várias pessoas, levando a óbito duas delas, após a divulgação do resultado das eleições de 2022.
O que aconteceu
O réu foi condenado por porte ilegal de arma de fogo, disparo de arma de fogo e por dois homicídios qualificados. O julgamento foi realizado na última terça-feira (16). Crime ocorreu no dia 30 de outubro de 2022, no município de Cafezal do Sul (PR).
Somadas, as penas chegam a 51 anos, 7 meses e 15 dias de prisão. O réu era apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. No dia do crime, ele atirou contra várias pessoas, inclusive o próprio irmão, aponta a denúncia do Ministério Público.
O condenado já estava preso preventivamente e não poderá recorrer da sentença em liberdade.
Relembre o caso
Discussão por motivações políticas teve início com os irmãos. Ele atirou quatro vezes contra um irmão, que conseguiu sobreviver. Erick estava armado porque tinha o registro de CAC (Colecionador, Atirador e Caçador).
Vizinha foi morta. Rosineide da Silva, 30, foi baleada no pescoço após tentar chamar a polícia para acalmar a briga. Ela morreu a caminho do hospital.
Após atirar contra a vizinha, Erick entrou no carro e matou outra pessoa. A vítima foi identificada como José Wellington Lima Barros. Ele foi atingido no peito. Na ocasião, o homem estava comemorando a vitória de Lula em uma rua no centro da cidade, o que não agradou Erick Hiromi, segundo o MP. O homem chegou a ser internado, mas não resistiu aos ferimentos.
Erick foi preso um dia após o crime. A arma usada no crime foi apreendida.
Ele foi acusado pelo Ministério Público por ter cometido sete crimes. Três tentativas de homicídio com qualificadoras, por ter disparado vários tiros contra três pessoas; dois homicídios consumados com duas qualificadoras; disparos de arma de fogo e porte ilegal de arma de fogo.
O que diz a defesa
Defesa diz que vai recorrer da pena aplicada pela magistrada. Ao UOL, o advogado Alessandro Dorigon afirmou que a sentença foi muito "alta" e "desproporcional". "Especialmente pelo fato dos jurados não terem reconhecido as tentativas de homicídio", esclareceu.
No julgamento, o réu confessou apenas alguns crimes. Ele admitiu os dois homicídios. Confessou também os crimes de disparos de arma de fogo e porte ilegal de arma de fogo, relatando que está disposto a cumprir a pena pelos crimes.
Erick negou as três tentativas de homicídio, relatando que não atirou em direção às pessoas. Relatou ainda que fazia uso de medicamento controlado para tratamento de transtorno bipolar e depressão, sendo que no dia dos fatos ingeriu muita bebida alcoólica. Erick explicou que até hoje não têm lembranças claras de como tudo ocorreu e nem a motivação.
Os jurados reconheceram que o acusado cometeu os dois crimes de homicídio consumado, os disparos e porte ilegal de arma de fogo, mas não reconheceram os crimes de tentativa de homicídio, tendo diminuída as penas de dois crimes de disparo de arma, reconhecendo que o acusado não estava totalmente consciente, sendo a acusação julgada parcialmente procedente. Com base nas decisões dos jurados, a dra. Magistrada aplicou a pena de 51 anos, 07 meses e 15 dias de reclusão. Diante disso, a defesa informa que pretende recorrer, principalmente quanto ao montante de pena, por entender que foi muito alta e desproporcional, especialmente pelo fato dos jurados não terem reconhecido as tentativas de homicídio.
Alessandro Dorigon, advogado
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