'Ninguém guardou mágoa': as muitas fases da relação de Lewandowski e Moraes

No quarto episódio do podcast UOL Prime, José Roberto de Toledo e Thais Bilenky analisam a relação entre Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, e Ricardo Lewandowski, que acaba de tomar posse como ministro da Justiça e Segurança Pública.

A conversa entre os dois, publicada nesta quinta (8) e disponível no arquivo acima, tem como base a reportagem "Velhos conhecidos: as trombadas entre Lewandowski e Alexandre de Moraes", publicada por Bilenky em UOL Prime —seção com notícias exclusivas e o melhor do jornalismo do UOL.

No texto, a repórter traz as muitas trombadas que já ocorreram na vida profissional desses dois personagens em destaque na política brasileira.

O ponto de partida dessa história é a São Francisco, a Faculdade de Direito da (USP) Universidade de São Paulo, onde Moraes foi aluno de Lewandowski.

Em 2003, os dois decidem disputar a vaga de professor titular da Teoria Geral do Estado, que é o cargo mais alto da carreira docente: aluno contra professor.

"Mas essas coisas em universidades tem sempre uma articulação interna, uma ordem de chegada, um exame de currículos. Não deu muito certo. Moraes ficou em quarto lugar na banca, Lewandowski foi aprovado e criou muito ruído", conta Bilenky.

"Só que o Lewandowski tem esse jeito, diferente do Alexandre de Moraes, de não ir para o confronto direto. E as coisas foram se amainando", conta Bilenky."

O reencontro dos dois foi em 2016, com Alexandre como ministro da Justiça e Lewandowski como presidente do Supremo Tribunal Federal. Neste momento, a repórter explica a divergência entre os dois na forma de encarar o direito.

Lewandowski com posição garantista, sempre com uma tendência a votar a favor do réu. E Alexandre de Moraes punitivista ao defender, por exemplo, a prisão após condenação em segunda instância.

Moraes foi então indicado ao Supremo, onde encontrou Lewandowski no tribunal. A essa altura, continua Bilenky, o desgaste causado pelo concurso de 2003 já tinha sido superado.

"Ninguém guardou muita mágoa. O Lewandowski não é descrito pelas pessoas que o conhecem como uma pessoa de ressentimentos e nem dá para ter na política. Você tem que virar a página, se não você não sai do lugar. Então eles tinham um convívio harmônico."

Segundo ela, a política ajudou a aproximação entre os dois: "A Lava Jato atinge o próprio Michel Temer, e o episódio acabou reorganizando toda a constelação da política nacional. Muitos que estavam do lado da Lava Jato, do punitivismo, acabaram mudando de lugar, ficando contra a Lava Jato."

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Em 2022, Moraes assume a presidência do Tribunal Superior Eleitoral, com Lewandowski como vice.

"Alexandre de Moraes foi a pessoa que enfrentou o bolsonarismo no momento de mais tentativas de ataque às urnas e ao sistema eleitoral de modo geral. Lewandowski tem 30, 40 anos a mais de carreira, já tinha sido presidente do TSE, e estava junto nesse momento mais tenso".

Aqui, a repórter aponta uma diferença importante na personalidade dos dois: Moraes bateu no peito, decidindo as coisas de forma solitária —ele ouve, pondera, mas no fim é que decide. E Lewandowski, mais discreto, não se incomodou, não criou ruído, deixando Alexandre no holofote.

"Fizeram uma boa dupla. A relação deles efetivamente funcionou nesse ano de eleição, eles se complementaram, deu certo", avalia Bilenky.

Na conversa, Bilenky e Toledo tratam da chegada de Lewandowski no ministério da Justiça, onde terá de entrar em uma equação com o diretor geral da Polícia Federal e com o ministro do Supremo Alexandre de Moraes, relatando alguns dos inquéritos mais sensíveis da Polícia Federal.

O podcast UOL Prime é publicado às quintas-feiras no YouTube do UOL Prime, Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music, Deezer e em todas as plataformas de podcast.

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