Ação da PM no litoral de SP mata 30 e é mais letal que Operação Escudo
A Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo confirmou nesta terça (20) que mais duas pessoas morreram durante ação da PM na Baixada Santista. Com isso, o total de óbitos vai a 30 — e ultrapassa a Operação Escudo, concluída em setembro de 2023 com 28 mortes em 40 dias na mesma região. Ambas as ações foram desencadeadas após a morte de PMs.
O que aconteceu
Os dois homens morreram em "confronto com policiais militares", segundo a nota divulgada pelo governo federal. Esse tipo de justificativa aparece em outros registros da SSP sobre a mesma operação.
Um deles era foragido da Justiça, teria sacado uma arma e entrado em luta corporal com os agentes no Morro São Bento, em Santos, na segunda (19). Os policiais "intervieram atingindo-o", diz o texto enviado à imprensa. A arma tinha sido roubada de um policial militar e o suspeito estava foragido desde janeiro de 2022, "após não retornar da saída temporária de fim de ano", segundo a SSP-SP.
A versão oficial diz que o segundo teria fugido de uma abordagem, se escondido e atirado, também em Santos — mas os moradores da região contestam. O caso ocorreu na tarde de terça. Policiais militares informaram que atiraram após terem sido recebidos a tiros em uma tentativa de abordagem a um suspeito em uma comunidade no bairro Saboó. Os moradores, porém, afirmam que a vítima não reagiu e foi baleada dentro da própria casa.
A morte do ajudante de pedreiro Alex Macedo Paiva, 30, foi confirmada ao UOL no fim da tarde por um coronel da PM e por moradores. A SSP citou o caso horas depois no balanço encaminhado a jornalistas.
Após ser ferido, Paiva foi levado ao hospital. Na UPA de Santos, foi submetido a uma cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. Familiares dizem que ele era usuário de drogas e negam envolvimento com o crime.
Casa onde homem foi baleado tinha sangue no chão e buracos de tiro na parede, como mostram vídeos feitos por moradores e encaminhados ao UOL (veja acima).
"Sangue escorria do tapete". Moradores relataram ao UOL que presenciaram os policiais militares limpando o sangue do chão após os tiros que mataram Paiva. "Era muito sangue. A gente levantou o tapete da casa. E o sangue escorria do tapete", disse uma moradora, sob a condição de anonimato.
Média de 1,76 morte por dia. As mortes na ação da PM na Baixada Santista começaram a ocorrer no dia 3 de fevereiro, após o assassinato em Santos de um soldado da Rota, a tropa de elite da corporação — ou seja, foram três mortes a cada dois dias. É mais do que o dobro da média diária de mortes em comparação à Operação Escudo.
Ele saiu de casa e começou o tiroteio. Aí, voltou para casa e deram tiro nele. O meu marido não era do crime.
Letícia dos Santos Oliveira, esposa de Alex
O que se sabe sobre o caso
PM registrou outras ocorrências com tiro nos últimos dias. Ontem, um vídeo flagrou a ação da PM que deixou um ferido em São Vicente. A imagem registra o momento que antecedeu uma incursão de policiais. "Ó, vai atirar, gente! Tem que gravar", diz uma moradora. Em seguida, é possível ouvir três disparos. Outro vídeo na mesma ação mostrou moradores pedindo ajuda ao homem baleado a um motorista do Samu. "A polícia mandou a gente embora", respondeu o servidor.
Vídeos analisados pelas autoridades. As imagens foram encaminhadas pelo UOL para a Ouvidoria das polícias, que analisa o conteúdo. Questionada, a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) ainda não se manifestou sobre o caso.
Em outra ocorrência nos últimos dias, um sniper matou um suspeito com tiro a 50 metros de distância. No sábado, o disparo foi feito após o suspeito apontar uma arma para a tropa, segundo a corporação. A PM informou ter apreendido duas armas e drogas no local.
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Quero receberSSP faz balanço de operação. A pasta diz ter prendido 706 pessoas, incluindo 261 procurados pela Justiça na ação intensificada desde o começo deste mês. A secretaria afirma ainda ter apreendido cerca de 509 quilos de drogas e 81 armas, incluindo fuzis.
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