Censo: acesso à rede de esgoto sobe, mas 75,8 milhões estão fora do sistema
A proporção de brasileiros com acesso à rede de coleta e tratamento de esgoto cresceu de 52,8% em 2010 para 62,5% em 2022, mas 75,8 milhões de pessoas (37,5%) ainda vivem desconectadas do sistema.
O que aconteceu
Os dados acima se referem a quem não tem casa ligada ao sistema de nenhuma forma, nem pela rede geral ou pluvial, nem por fossa séptica. O Censo Demográfico de 2022, sobre as características das casas brasileiras, foi divulgado hoje pelo IBGE.
O Censo também revela grandes desigualdades regionais e de raça no acesso à rede de esgoto.
Norte tem pior atendimento; Sudeste, o melhor. A região Norte tem o pior atendimento, com apenas 46,4% moradores com acesso a rede coletora, pluvial ou fossa séptica. A região mais atendida é a Sudeste, com 90,7% das pessoas com acesso a coleta.
O IBGE também divulga dados do considerado "esgotamento adequado". Além das casas ligadas à rede, ele inclui aquelas que têm fossa séptica ou fossa filtro, mas desconectada. Em todos esses casos, a coleta de esgoto é considerada adequada, de acordo com o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab).
Por esse critério, 24,3% (49,1 milhões de pessoas) vivem sob condições de esgotamento precárias. Essas pessoas depositam dejetos em fossa rudimentar ou buraco (19,4%), em rio, lago, córrego ou mar (2%), em vala (1,5%) ou de outras formas (0,7%).
Melhora em todos os estados. Entre 2010 e 2022, todas as unidades da federação (UFs) registraram aumento da proporção da população residindo em domicílios com coleta de esgoto e da proporção dos habitantes morando em domicílios com esgotamento por rede coletora ou fossa séptica. Mato Grosso do Sul (34,8 pontos percentuais) foi a UF com maior crescimento nesse último indicador.
Em 2022, 3.505 municípios brasileiros apresentavam menos da metade da população morando em domicílios com coleta de esgoto. Em 2.386 municípios, menos da metade dos habitantes residia em domicílios com esgotamento por rede coletora ou fossa séptica.
1,2 milhão de pessoas sem banheiro. Segundo o Censo, 0,6% da população morava em lugares sem banheiro ou sanitário.
Indígenas e negros têm menos acesso à coleta adequada
Pretos, pardos e indígenas vivem em piores condições de saneamento básico. Apenas 29,9% da população indígena brasileira é atendida por algum método adequado de saneamento. Ou seja, 70,1% vivem com esgoto precário. Dos que se identificam como pardos, 31,1% não têm acesso ao tratamento de esgoto; entre as pessoas pretas, são 25%.
O contraste é grande quando se observa o maior acesso de brancos e amarelos ao saneamento básico. Dentre os que se consideram da raça amarela, 91,8% vivem com tratamento adequado. Dentre os brancos, são 83,5% contam com esgotamento ideal.
Abastecimento de água cresce para 97%
O IBGE também divulgou dados sobre o abastecimento de água da população. O acesso à água também cresceu e atinge mais pessoas que o sistema de esgoto, mas há grandes desigualdades regionais e de raça.
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Quero receberA rede geral de distribuição é a principal forma de acesso ao abastecimento para 82,9% das pessoas. No Censo 2010, essa proporção era de 81,5%.
Veja como era o abastecimento de água pelo Brasil em 2022:
- rede geral de distribuição: 82,9%
- poço profundo ou artesiano: 9%
- poço raso, freático ou cacimba: 3,2%
- fonte, nascente ou mina: 1,9%
As formas acima são consideradas adequadas pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab). No entanto, há diferentes níveis de qualidade e segurança entre elas.
As formas de abastecimento que as pessoas usam, mas não são consideradas adequadas são:
- carro-pipa: 1% (a maioria, no Nordeste)
- Rios, açudes, córregos, lagos e igarapés: 0,9% (grande parte, na região Norte)
- Água da chuva armazenada: 0,5%
- O total não dá 100% porque 0,6% das pessoas declararam ter outra forma de abastecimento de água.
Sudeste tem o melhor serviço; Nordeste, o pior. A região que tem o abastecimento por rede geral mais amplo é a Sudeste (91%); em último lugar, vem a região Nordeste, com 55,7%.
O Censo também permite um recorte por estados. O estado de São Paulo tem o melhor resultado, com 95,6% das pessoas atendidas pela rede geral de distribuição. O pior resultado é o do Amapá, com 43,7%.
21% dos indígenas sem abastecimento de água. Quando se consideram as raças, enquanto 21% dos indígenas sofrem com a ausência de abastecimento, só 1,7% dos brasileiros brancos enfrenta o mesmo problema.
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