Polícia mira empresas suspeitas de lavar dinheiro para milícia de Zinho
Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, no Rio
28/02/2024 07h12Atualizada em 28/02/2024 12h22
A Polícia Civil do Rio faz hoje uma operação contra empresas suspeitas de lavar dinheiro para a milícia de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, preso desde dezembro de 2023.
O que aconteceu
São 21 mandados de busca e apreensão nos bairros Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Campo Grande e Santa Cruz, além do município de Seropédica. Os endereços são ligados a nove pessoas físicas e sete jurídicas.
A milícia de Zinho movimentou cerca de R$ 135 milhões entre 2017 e 2023, segundo a investigação. É a maior milícia da zona oeste do Rio.
A Justiça autorizou a interdição de empresas suspeitas de envolvimento com a milícia e o bloqueio de bens. A operação de hoje ocorre em parceria com o Gaeco, do Ministério Público.
Quem é Zinho?
O comando da maior milícia do Rio passou para as mãos de Zinho após morte de seu irmão Wellington da Silva Braga, o Ecko. Desde 2021, Zinho trava uma sangrenta disputa com outros grupos paramilitares, que tentam controlar a organização criminosa. Antes, ele era apontado como o responsável por gerenciar as finanças do grupo, segundo a Polícia Civil.
As investigações apontam que o miliciano era hábil com as contas. Antes de ascender à chefia do grupo, era ele quem contabilizava e lavava o dinheiro originado por atividades ilícitas, incluindo a venda clandestina de sinais de TV a cabo, de gás e de licenças para serviços de transporte.
Em setembro de 2023, Zinho foi um dos denunciados pelo Ministério Público. Ele foi acusado pela morte do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e de um amigo dele. Jerominho teria sido morto após tentar retomar o comando da milícia, que foi fundada por ele.
Em outubro, a advogada do miliciano, Leonella Vieira, negou as acusações contra ele. Segundo ela, Zinho é vítima de "deduções" do Ministério Público, oriundas do parentesco dele com o ex-chefe da milícia, Ecko.
Sobrinho de Zinho foi morto no fim de outubro. Matheus da Silva Rezende, o Faustão, era número dois da organização (conhecida como "Família Braga" ou "Bonde do Zinho"), e morreu durante troca de tiros com a Polícia Civil em Santa Cruz, também no Rio.
Zinho se entregou à PF em 24 de dezembro por medo de ser executado. Ele estava foragido desde 2018.